Pensando Bem: É proibido sentar neste banco
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Desgastado pelo tempo e pelas intempéries, o banco da praça precisou ser pintado. Para evitar que os passantes sentassem e fossem manchados pela tinta verde, foi necessário colocar um guarda a seu lado. Sua presença lembrava que era proibido sentar no banco verde. Durante alguns dias o guarda permaneceu no seu posto, até a tinta secar.
As semanas passavam e ninguém sentava no banco. As mães alertavam os filhos que era proibido sentar naquele banco. Anos depois, a tinta secara e quase desaparecera, mas a população evitava sentar naquele banco. A advertência não era mais necessária, a população esquecera o motivo, mas ninguém sentava no banco verde: era proibido.
Assim surgem muitas leis; surgem porque existe uma necessidade. Depois a necessidade cessa, mas a lei fica. Muitas leis surgem assim. Quando alguém se atreve a questioná-las, os mais experientes alertavam que sempre se fizera assim e, portanto, precisava continuar daquele jeito.
Já o apóstolo Paulo questionava a esterilidade da lei: a lei mata, só o espírito dá vida. Nem todo o gramático é bom escritor. A lei tem a função de revelar ou proteger um valor. Um andaime ajuda, mas não faz parte da construção. Por vezes torna-se empecilho para a caminhada das pessoas e comunidades. Quando isto acontece a lei torna-se inútil, até mesmo injusta. De resto , nem todas as leis são justas. É injusto também aproveitar-se de uma lei existente, mas manifestamente imoral e injusta, alegando: não fui eu que fiz a lei.
As sociedades decadentes especializam-se em multiplicar leis. Nos tempos de Cristo, o fundamentalismo judaico catalogara 613 mandamentos e leis. Deus garante que Des Mandamentos são suficientes e Jesus reduz a dois: amar a Deus e amar o próximo. Os Doutores em Leis jamais conseguiram entender os valores evangélicos. A leitura da bula de um remédio não cura o doente.
Conhecer a verdade é insuficiente. O saber pode tornar-se opressão. Só o amor constrói. E o amor não precisa de muitas leis. Santo Agostinho resumiu numa frase a questão: nas coisas essenciais unidade, nas secundárias, a liberdade; em tudo a Caridade.
Frei Aldo Colombo
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