Acompanhe no programa “Pensando Bem” desta segunda-feira, 08/05, a reflexão feita por Frei Aldo Colombo sobre o amor:

“Uma família afro-americana vive em condições miseráveis num gueto do Harlem, sem esperanças de um futuro melhor. A morte do pai traz uma surpresa: ele deixa uma pequena fortuna, em dólares, proveniente de um seguro de vida. A mãe imagina que chegou a oportunidade de deixar a favela e comprar uma pequena casa, cercada de árvores e flores. A filha sonha com a universidade, ela quer ser médica. O filho mais velho pretende, com um amigo, abrir um rendoso negócio. Isto possibilitaria que, em breve tempo, os sonhos da mãe e da irmã se realizassem. A decisão é difícil, mas a mãe acabou por optar pelo projeto do filho.

Passado pouco tempo, vem a decepção: o amigo desaparece com os dólares. O sonho acabou e a família volta ao seu mundo sem esperança. A irmã não se conforma e, com grosseria, despeja sobre o irmão toda a sorte de acusações, injúrias e ofensas. É a vez da mãe observar: pensei que tivesse ensinado você a amar seu irmão! Amar meu irmão? Não restou nele nada para eu amar, declara a filha. A palavra final é da mãe: sempre resta alguma coisa para amar!

Esta a história de um dos grandes sucessos editoriais norte-americanos: A raisin in the Sun- Sonhos adiados. Seu autor é Lorraine Hansberry, o caçula de uma família pobre, retratando as difíceis condições de sua família. Lorraine morreu aos 34 anos.

Liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome, protestou Madame Roland, uma das tantas vítimas da Revolução Francesa. O mesmo se pode dizer do Amor. Dele se dizem milhares de coisas diferentes. Hoje procura-se o amor à primeira vista, instantâneo e descartável. Mais que amor é paixão e egoísmo.

O momento de amar mais intensamente é quando o outro – humanamente – menos merece este amor. O amor de verdade é ofertado quando nada fizemos para merecê-lo. É a radicalidade daquela esposa que decide continuar amando, mesmo depois que o amor acabou.

O amor do Pai é inteiramente gratuito. Deus nos ama não porque somos bons, mas porque Ele é bom. Ele não nos ama porque merecemos, mas porque precisamos. E seu amor não volta atrás.

As virtudes teologais – Fé, Esperança e Caridade – se constituem no centro da vida cristã. Não com nós as imaginamos, mas como Deus quer. Isto significa Amar o que não é amável, Crer em coisas incríveis e Esperar quando não há esperança.. O amor de nosso Deus é de sempre e para sempre. “ Como tivesse amado os seus, amou-os até o fim” nos diz o evangelista. ( Jo 13,1) A misericórdia do Senhor se estende por mil gerações, nos garante o Êxodo (Ex 20,6)

Pode parecer que este amor está acima de nossas possibilidades. O amor tem ressonâncias divinas. É como um horizonte que jamais alcançaremos, mas nos indica o caminho e nos faz. caminhar".

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