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Jesus: o amor gratuito de Deus

Miguel Debiasi

O testemunho de vida de Jesus como Filho de Deus e como homem histórico pode ser resumido numa palavra só: amor! O Enviado de Deus, o Filho Amado, Jesus de Nazaré, entrou para a história não por acidente, mas para testemunhar o amor que Deus tem pela humanidade. De fato, não é um amor qualquer, mas gratuito. Deus assim fez porque é puro amor pela humanidade.

Para o teólogo belga José Comblin (1923-2011) o testemunho sobre Jesus Cristo contém duas vertentes inconciliáveis: Jesus Cristo foi um homem com toda natureza humana e bem conceituada na história e é também Deus. Jesus entrou para a história humana como judeu. Sua origem no mundo dá-se como judeu, membro do povo de Israel, mas Jesus tem sua personalidade, identidade e consciência de uma missão universal. Se o povo de Israel tem Abraão como pai da fé, Jesus Cristo tem a consciência que está associado ao destino universal do seu povo, uma humanidade reconciliada no seu amor. O paradoxo da vida de Jesus, para José Comblin, é ter sido rejeitado pelos sumos sacerdotes e autoridades dos judeus, ou de seu povo de Israel.

Na verdade, a sua condenação por acusação de blasfêmia por parte dos chefes dos religiosos foi incompatível com a esperança do povo de Israel, expressa nos textos bíblicos e na mensagem do Evangelho. A mensagem de esperança de Jesus já estava presente desde Abraão, encarnada no povo de Israel. Os evangelhos dão testemunho que Jesus é o centro desta esperança de um mundo de justiça e de amor, de uma humanidade reconciliada com as ações e a presença imediata do Reino de Deus. A esta esperança de Abraão e do povo de Israel, Jesus acrescenta que o reino de Deus está aqui e inicia pelo amor gratuito de Deus pela humanidade.

Neste sentido, quem não ama ao próximo deixa de praticar a justiça e o amor do Reino de Deus. O amor gratuito que Jesus manifestou é a superação da própria lei, a realização perfeita da obra de Deus. Com efeito, Jesus Cristo nunca pediu culto, devoção ou veneração, mas a conversão da humanidade por amor a Deus e ao próximo. Jesus não instituiu a religião do sacrifício, dos templos, dos sacerdotes, dos pastores enriquecidos pelas práticas religiosas em detrimento do povo empobrecido. Ao contrário, ao denunciar o sistema religioso de sua época estabelecido no Templo de Jerusalém, Jesus foi rejeitado, perseguido, condenado e morto.

Por sua vez, a morte de Jesus constitui-se um problema humano e de fé. A maioria dos cristãos acredita que a morte de Jesus é um sacrifício para pagar os pecados da humanidade. De acordo com essa teoria, o Enviado de Deus veio ao mundo para ser vítima propiciatória. Ou seja, Deus só perdoa a humanidade depois de querer a morte de seu Filho. Por conseguinte, há milhões de páginas escritas para justificar essa teoria do sacrifício. Enquanto os textos bíblicos mostram que a morte de Jesus foi por causa dos ciúmes dos sumos sacerdotes que o entregaram às autoridades romanas para ser crucificado.

Afinal, a teoria do sacrifício da morte de Jesus não se sustenta e não tem fundamentação teológica. Deus que ama tanto o mundo não seria um carrasco exigindo a morte de seu Filho Amado. As teorias do sacrifício são uma barbaridade que foi aceita, celebrada nas liturgias, glorificada pelas teologias e assimilada pelo povo e comunidades cristãs. Enquanto, na verdade, Jesus foi uma vítima do sistema religioso e político do seu tempo. Por sua vez, hoje a situação não é diferente. O sistema político, jurídico e econômico continua a condenar inocentes e preservar malfeitores. O Evangelho de Cristo é a libertação da humanidade de toda e qualquer ignorância e alienação cultural. De acordo com o Evangelho pregado por Jesus, Deus quer reconciliar a humanidade em seu Reino puramente por amor. Como se sabe e se acredita, nem mesmo colocado na cruz Jesus e Deus Pai negaram seu amor gratuito a toda humanidade, bem como aos pecadores.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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