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Deus num rosto de Menino

Miguel Debiasi

Natal é acontecimento de Deus e a celebração da alegria da humanidade. No Natal Deus assume o rosto humano em Jesus de Nazaré. A alegria de Natal envolve a todas as pessoas. Então, por ser o Natal a comunicação do amor Divino e da salvação humana, é preciso viver e celebrar este acontecimento da melhor maneira espiritual e material com os cristãos e com a humanidade.

O Natal é um tempo diferente. Com o Natal o mundo se reveste de uma grande alegria global. O momento auge desta alegre euforia mundial é em seu horário vespertino. Entre todas as noites, a do Natal é a mais esperada e alegre do ano. As celebrações litúrgicas e religiosas da noite do Natal são as mais participadas, alegres e comoventes. A ceia de Natal é disparadamente a mais significativa das reuniões familiares em clima de paz e de harmonia. Pelo mundo milhões de pessoas em véspera da noite de Natal fazem seu gesto anual de solidariedade com os mais pobres e humildes. O Natal é indiscutivelmente a grande celebração mundial do amor a Deus e ao próximo.

Por ser o acontecimento da manifestação do amor de Deus pela humanidade é preciso resgatar seu sentido e significá-lo para o momento presente. A origem do Natal está associada à antiga celebração pagã, a Saturnal que era a festa de prazeres em homenagem ao Deus Sol, no solstício de inverno (natalis invicti Solis), data de 25 de dezembro. Essa festa é tão antiga quanto a civilização, iniciou sete mil anos antes do nascimento de Jesus Cristo. A motivação da festa era celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. Era o ponto de virada das trevas para a luz: o renascimento do Sol. Com isso os homens deixavam a caça e iniciavam as atividades de agricultura, um novo tempo para colheitas.

É exatamente nesta data que a Igreja Católica Apostólica Romana fixa o dia de nascimento de Cristo, substituindo a festa pagã. A substituição aconteceu no século II do cristianismo, onde povos pagãos sob domínio do Império Romano foram convertidos à fé cristã. Segundo são Paulo apóstolo é do paganismo que emana a fé cristã (2Cor 4,4). Como diz São João, de “Babilônia, a Grande, a mãe das prostitutas e das abominações da terra” (Ap 17,5), antepassados infiéis foram transplantados para o Cristo. Dessa forma, a Igreja Católica ressignificou uma festa pagã para ser a maior celebração religiosa da humanidade, o Natal.

Com o passar do tempo a humanidade se encarregou de inserir junto às celebrações de Natal outros costumes, práticas, símbolos, figuras que se tornaram populares e seculares. Entre as figuras de caráter popular e secular está o Papai Noel, que virou obrigação para anunciar a chegada do Natal. Para as crianças, o Papai Noel é uma figura mitológica associada ao bem e aos presentes. Com isto, o Natal também se tornou uma atividade econômica e um acontecimento significativo do mercado com aumento das vendas. Diante disto é preciso resgatar o sentido do Natal no alerta do evangelista Lucas quando diz que um “cego é guias de cegos” (Lc 6,39).

O fato é que para Deus e para a comunidade cristã o Natal tem outro significado. Para João evangelista, Deus se tornou carne, luz, verdade que liberta e salva a humanidade (Jo 1,1-18). Para Lucas evangelista, o primogênito de Deus, o Salvador do mundo reclinou sua cabeça numa manjedoura “porque não havia um lugar pra eles na sala”(Lc 2,7), devido à indiferença humana. Para melhor celebrar a festa da encarnação de Deus, a Igreja Católica prepara a comunidade cristã com quatro semanas de antecedência com o chamado tempo de Advento, um período de feliz espera pela noite do Natal. São Francisco de Assis, para preparar os frades para a celebração de Natal, iniciou a organização do presépio, com o tempo essa prática se tornou o maior símbolo de feliz preparação da humanidade e a representação da significação do Natal.

Em razão da suma importância do acontecimento Natal para a humanidade, merece ter sua boa preparação porque Deus assume o rosto humano. Isto significa Deus que se aproxima e ama por inteiro a humanidade. Devido a esse grande gesto de Deus que assume a condição humana, a Igreja prolonga a alegria do Natal em doze dias, com as festas litúrgicas da Sagrada Família, Epifania e o Batismo do Senhor. Natal é Deus num rosto de Menino, puro mistério de amor ao ser humano. Por tão grande acontecimento e dádiva de Deus, vale celebrar este acontecimento de Salvação em seu mais original e grandioso sentido. Isto é, Noite Santa em que a fé cristã representada em Maria e José acolhe o Deus divino e humano que une Céus e Terra num eterno laço de amor e salvação.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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