O presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi, Oscar Ló, esteve na Rádio Garibaldi, na manhã desta segunda-feira, dia 13/03, para falar sobre os trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves, no dia 22 de fevereiro, sobre as medidas tomadas pela empresa e assinatura do TAC – Termo de Ajustamento de Conduto com o Ministério do Trabalho. Dirigindo-se aos associados, Oscar tranquiliza as famílias dizendo que depois deste episódio a marca sairá ainda mais fortalecida e que situação que ocorreu nunca mais se repetirá.

“A Cooperativa é formada por pessoas, sempre valorizamos o trabalho delas, ficamos surpreendidos com o que aconteceu, ficamos tristes e abalados, mas isso fará com que a Vinícola adote novas medidas internas para evitar que algo semelhante volte a acontecer. Ao associado queremos dizer que novos encontros serão realizados, também está prevista uma assembleia e serão discutidas as próximas ações até visando a safra seguinte onde se faz necessário a contração de mão de obra externa para atender a demanda. Sobre a marca, a Vinícola tem a certeza de que sairá ainda mais fortalecida deste triste episódio que não ocorreu no ambiente da Vinícola, mas sim fora dela”, esclarece Oscar.

De acordo com Oscar Ló, os 15 funcionários contratados através da empresa terceirizada, tinham uma mesma rotina. Eles iniciavam o trabalho às 13h40min e seguiam até às 23h. O almoço e jantar era feito no refeitório da Vinícola, mesmo local dos demais funcionários da empresa e também onde o próprio presidente almoça. Neste local era disponibilizado wi-fi, onde esses trabalhadores conversavam com familiares, através de seus celulares.

A Vinícola tem um canal de denúncias que podem ser feitas anonimamente, mas não recebeu nenhum comunicado. Esses trabalhadores iniciaram suas funções no dia 30 de janeiro e assim que se tornou público o fato, no alojamento em Bento Gonçalves, a Vinícola encerrou o contrato e se colocou à disposição do Ministério do Trabalho para quaisquer dúvidas e informações. A partir daí passou a se manifestar aos meios de comunicação através de notas oficiais. Depois de três reuniões com o Ministério do Trabalho foi assinado o TAC. Dos trabalhadores que estavam no alojamento que eram no total 207, 110 atuavam em vinícolas, sendo 15 que atuavam na Garibaldi, 15 na Salton e os demais na Aurora.

O TAC prevê pagamento de R$ 7 milhões, divididos entre as três vinícolas, a título de indenização. Parte do valor, cerca de R$ 5 milhões será destinado a fundos e entidades indicadas posteriormente pelo Ministério do Trabalho. Outros R$ 2 milhões serão divididos entre os trabalhadores resgatados. O dinheiro pago será dividido entre repasse de indenização aos 207 trabalhadores resgatados e financiamento de projetos sociais, ainda a serem definidos. Segundo o MPT, as empresas pagarão uma primeira parte do valor, de R$ 2 milhões, em 15 dias. Toda esta parcela será dividida entre as vítimas, com isso, cada trabalhador resgatado deve receber R$ 9,6mil. Neste primeiro momento, a Aurora pagará R$ 916 mil, a Salton R$ 716 mil e a Garibaldi R$ 366 mil, proporcionalmente ao uso da mão de obra verificado.

A seguir acompanhe a nota da Cooperativa Vinícola Garibaldi aos parceiros, consumidores da marca e sociedade brasileira

Desde o recebimento de denúncias que revelaram situações de trabalho em condições semelhantes à escravidão, envolvendo prestadores de serviço temporário de descarregamento da uva, a Cooperativa Garibaldi solidarizou-se com as vítimas, especialmente os 15 trabalhadores que atuaram na vinícola. Também assumimos posição colaborativa diante das autoridades para a elucidação dos fatos e, principalmente, temos amadurecido formas efetivas de evoluir em nossas práticas institucionais.

Veementemente defensores do propósito de valorização das pessoas, repudiamos – agora e sempre – quaisquer práticas que afrontem os direitos e a dignidade humana, motivo pelo qual jamais permitimos ou compactuamos com tais situações. É imprescindível banir esse tipo de condução de nossa sociedade – e para exercemos tal papel de forma plena, assertiva e efetiva a partir da lamentável ocorrência desse episódio, estamos revisando as práticas internas para imediatamente:

- Aprimorar a Política de contratação de serviços terceirizados, em questões de integridade (compliance).

- Aperfeiçoar o processo de seleção de prestadores de serviço.

- Incluir cláusula contratual em respeito a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

- Incluir cláusula contratual em atendimento às práticas ilimitadas ao acesso de emprego ou a sua manutenção sem discriminação de opção sexual, origem, raça, cor, condição física, religião, estado civil, situação familiar ou qualquer outra condição.

- Implantar auditorias sistêmicas em prestadores de serviço.

- Incluir link ao acesso do Código de Cultura nos contratos com prestadores de serviço.

- Solicitar declaração de acordo ao Código de Cultura da cooperativa.

- Melhorar as práticas de divulgação em canais internos e externos das políticas de conduta (Código de Cultura e Canal de Denúncia) para os mais diversos públicos.

- Intensificar práticas de ASG (Ambiental, Social e Governança) alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis no Brasil (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), através do atendimento de Excelência na Governança e Gestão, atendendo ao Programa de Desenvolvimento das Cooperativas (PDGC), seguindo diretrizes da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ).

Por meio desses movimentos, que se expandirão em outras ações futuras, transformamos nosso repúdio e indignação diante desse ocorrido em medidas concretas.

Queremos que esse episódio nos torne mais conscientes, transparentes e conectados com os desafios do mundo atual.

Cooperativa Vinícola Garibaldi

Garibaldi, 04 de março de 2023