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Vender? Nunca!

Miguel Debiasi

 

A domesticação de animais iniciou-se há milhares de anos, uma prática pré-histórica. Consiste em adaptar por seleção os animais preferidos, tidos como adequados e proficientes para perfazer as necessidades humanas. Por essas e por outras razões a domesticação é benéfica à civilização. Ao mesmo tempo em que animais, aves e seres são tidos como criaturas dóceis e úteis à convivência humana, é necessário sublinhar seu uso responsável.

Permanecem como elementos de preocupação que a domesticação não deixa de ser prejudicial à natureza, à ecologia, à seleção natural, à evolução biológica, etc. São percebíveis sintomas como a redução da biodiversidade, extermínio de espécies, desequilíbrios ecológicos, mudanças climáticas, abandono do habitat natural, entre outros. Por outro lado, a domesticação propõe elementos de melhor qualidade de vida humana e relações ecológicas e sociais. Influencia opções que se aproximam do espírito de preservação da natureza e do ambiente.

O relacionamento do ser humano com seus animais domesticados é fonte de alegria e autenticidade.

Provoca sentimentos que incentivam comportamentos de encanto por todas as criaturas e renunciam ao ato de explorar e de destruir a natureza. Então, a domesticação tem sua face benéfica ao mundo e ao ser humano, mas maléfica ao provocar impactos no equilíbrio da natureza quando feita em grande escala.

Isto tudo é evidente, mas um testemunho pode transcender ao fato da domesticação e revelar um pouco da essência do ser humano. Num telejornal de domingo à noite um repórter foi às ruas e propôs a mendigos, sem-teto e moradores instalados debaixo de pontes e de galpões de resíduos recicláveis a compra de seus cachorros. Tal como entrevistava uns e outros, logo entravam em cena sob a mesma pergunta: você venderia seu cachorro? Em meio ao cenário de abandono e de miséria as respostas põem em contato com a essência do ser humano: “vender nunca, por preço nenhum. É a minha alegria. É meu companheiro. Não tem dinheiro que pague”.

 

Respostas que ultrapassavam de longe a uma mera avaliação intelectual ou um cálculo econômico pelos bichos. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724 – 1804) diz que “podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais”. Em meio a tantos ataques à natureza, as respostas dos mendigos e do filósofo não podem ser desvalorizadas para a tomada de consciência e de atitudes. Antes, importa pensar e espelhar-se na postura de São Francisco de Assis, que cantava louvores a Deus por todas as criaturas, até mesmo pelos mais minúsculos dos animais.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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