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Páscoa: a morte não reinará jamais!

Miguel Debiasi

 

A Páscoa de Cristo é a nossa vida. O Mistério Pascal revela e realiza o plano de Deus Pai, a redenção da humanidade. Paulo apóstolo compreende o Mistério Pascal ao afirmar que, ao morrer, Cristo destruiu a nossa morte e, ao ressuscitar, recuperou a nossa vida (2Coríntios 5,15). Portanto, a Páscoa de Cristo é a nossa redenção plena.

Os Santos Padres da Igreja foram reconhecidos por seus profundos escritos, bem como pelos seus comentários bíblicos, sobretudo do santo Evangelho, consequentemente por sábios sermões. São Cirilo de Alexandria, bispo e doutor da Igreja do século V, diz sobre o Mistério Pascal: “com a morte corporal, Cristo redimiu a vida de todos”. É bem verdade que no passado prevaleceu a potência da morte contra nossa natureza. A morte reinou desde Adão até Moisés, inclusive em todos que tinham um pecado semelhante ao de Adão. Porém, na morte trazemos a imagem do homem terreno e, também, do divino e do celestial. Pois, em virtude da morte corporal de Cristo, que ao ressuscitar destruiu o reinado da morte, todos fomos transformados à sua imagem, vivendo nova vida, ou seja, a de Cristo, vivo eternamente.

Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja do século V, num de seus sermões da liturgia do Sábado de Aleluia, afirma que “no céu a vida não é outra coisa senão estar em vigília”. Ele diz que o Senhor deveria ressuscitar nas horas da noite porque a ressurreição iluminou também as nossas trevas. Com efeito, a liturgia do Sábado de Aleluia canta: “Tu iluminarás minha lâmpada, Senhor; meu Deus, tu iluminarás minhas trevas”. Certamente, Cristo é a luz dos corações, das mentes de todos os cristãos. Portanto, crer em Cristo é estar aonde nenhuma escuridão chega, nem a morte. Tampouco os mortais experimentam a morte como o sono, diz Santo Agostinho, pois ela é incapaz de tirar a vida do ser humano.

Santo Hipólito de Roma, do século III, num sermão de Páscoa expressou: “Ó mística liberalidade! Ó Páscoa divina”. A Páscoa de Cristo prefigurada pela lei era obra admirável de força e poder de Deus. Ela é a cura para toda a ferida humana. É a ressurreição após a queda. A ascensão após a descida. Na morte corporal de Cristo, Deus realizou coisas admiráveis para demonstrar que Ele é o único que pode tudo o que deseja. É como se gritasse em favor da vida: “Lázaro, vem para fora” (João 11,43), ou “Menina, levanta-te” (Marcos 5,41). Assim, confiante no poder de Deus Pai, Cristo entregou-se totalmente à morte para matar em si mesmo a essa fera voraz e desfazer o nó insolúvel. Em Cristo a morte ficou prisioneira de si mesma e extenuada, derrotada pelo Mistério Pascal. Assim, a Páscoa é a vitória visível de todos que creem em Cristo, a transformação do homem velho em nova criatura.

No século III, Orígenes Adamâncio de Alexandria, ao comentar sobre a Carta aos Romanos, afirma que um cristão que recebe a justificação pela fé está em paz com Deus por meio de Jesus Cristo. Pois em Cristo temos alcançado com a fé o acesso a esta graça em que estamos, e nos gloriamos apoiando—nos na esperança de alcançar a glória de Deus. Para Orígenes, a paz advém de Jesus Cristo, n’Ele ninguém pode estar em desacordo, nem a morte. Cristo, pelo seu sangue oferecido nos reconciliou com Deus, portanto, com a vida plena, eterna. Pois a vida de Cristo é superior aos inimigos, como a morte.

Portanto, a Páscoa de Cristo já é a vitória dos cristãos sobre a morte. É para isto que recebemos o sacramento do Batismo, “um enxerto para a imortalidade”, como diziam os Santos Padres da Igreja. Portanto, em Cristo justifica-se precisamente a vida, marca que recebemos pelo Sacramento do Batismo. Como rito litúrgico do Antigo Testamento ou do povo Hebreu, a Páscoa recordava sua libertação da escravidão do Egito pela mão poderosa de Deus. No Novo Testamento a liturgia da Páscoa é celebrar a vida de Jesus Cristo, a obra e mistério de salvação humana. Então, para o cristão, a Páscoa é estar em comunhão com Jesus Cristo que realizou a obra da salvação e estabeleceu a vitória sobre a morte corporal, ou seja, a ressurreição da vida humana. Em razão deste Mistério Pascal de Cristo, a Páscoa dos cristãos é celebrar o fim do reinado da morte humana. Somente a vida imortal acompanha os cristãos neste mundo, e, logicamente, também no definitivo.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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