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A virtude da caridade

Miguel Debiasi

Continuamente vemos na TV e nos jornais que milhares de refugiados, homens, mulheres, crianças caminham dias inteiros por entre fronteiras perigosas e violentas à procura de nova terra, de um espaço que ofereça moradia segura. Também escutamos continuamente que muitos morrem no caminho ou na travessia do mar tentando alcançar uma nova realidade. Ou pior, quando chegam são rejeitados nas fronteiras dos países que se preocupam com sua própria segurança e bem-estar. A realidade convida a humanidade para fazer a diferença com uma nova atitude de abertura para o outro.

Diante da crescente migração que atinge vários países há um apelo para uma mudança de políticas públicas, de estilo de vida e de mentalidades nacionalistas. O sofrimento de tantas pessoas que buscam uma terra, casa de acolhida, culmina muitas vezes com a morte ou até a repatriação. Ante esta situação humana mundial é preciso reagir, tarefa de todos. O Papa Francisco em visita ao continente da África, atingido por essa realidade diz que é preciso que a “humanidade mude”. Em contrário, sem a mudança continuarão as misérias, as tragédias, as guerras, as crianças que morrem de fome, a injustiça vitimando homens e mulheres pelo mundo, alerta Francisco. Diante da crise do sistema capitalista parece ser bastante óbvio que países com estabilidade econômica postulem fechamento de barreiras e indiferença ao sofrimento de milhões de pessoas vitimadas. Para contrapor este cenário mundial de abandono social e político será preciso que aconteça algo humano de extraordinário. Este acontecimento independe da preocupação de recursos econômicos, mas sim da vontade das pessoas afortunadas em repartir bens e das autoridades executarem as políticas dos direitos humanos. Nisto é preciso que toda humanidade aja para um gesto de abertura para o outro.

Pois, em era de globalização, os problemas são de responsabilidade de todos os países. A globalização construiu uma cultura em que todos são responsáveis pelo todo. No tocante ao papel dos cristãos, a virtude da esperança pode fecundar corações para nova realidade. Na virtude da fé aprendem-se os ensinamentos da justiça, vontade de Deus. A virtude da caridade traz o sentido do verdadeiro amor de Deus. Logo, sendo o amor a maior de todas as virtudes, é o começo para mudar a humanidade. Em dimensão analógica de planeta, só é possível resolver os problemas do primeiro mundo quando se solucionar os problemas do terceiro mundo. É possível ver a Europa e Estados Unidos da América seguros, países ricos, quando se soluciona os problemas dos continentes mais pobres. A virtude do amor e políticas de direitos humanos nos aproximam do outro. Em rostos desfigurados pelo abandono social e político está a incapacidade de amar de toda humanidade e o distanciamento das autoridades do bem comum, portanto, do outro. 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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