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A moral da riqueza é irracional ao corrupto

Miguel Debiasi

 

Os ensinamentos das Sagradas Escrituras no uso da riqueza são dois: um em vista da bênção de Deus e outro para a laboriosidade virtuosa. A riqueza é bênção quando não estimula a fraude, usura, exploração dos pobres (Isaías 58,3-11). É labor virtuoso quando dela provém todos os bens e a serem partilhados (Oseias 4,1-2). No ensinamento das Escrituras a riqueza deve ser conquistada pelo trabalho justo, portanto, como um bem moral e dom de Deus para a vida digna de todos.   

À luz das Sagradas Escrituras a riqueza é um bem “complementar” do trabalho virtuoso e que cumpre sua função social de suprir as necessidades da humanidade (Jeremias 7,4-7). A riqueza é condenada pelo seu mau uso, como do acúmulo injusto e desproporcional com as necessidades humanas causando pobreza (Amós 2,6-7). Aquele que reconhece essa função social humana da riqueza assume-se como defensor dos pobres e promotor da justiça (Miqueias 2,1-2). Aquele que apesar de suas riquezas ou bens materiais, reconhece sua própria pobreza diante de Deus, é um ser especial de atenção da graça divina. Nesta relação com a riqueza, vive-se a pobreza espiritual por confiar toda a vida a Deus e não nos bens materiais.

Essa atitude humana de reconhecer a relatividade dos bens materiais e concebê-los como dons divinos confere-lhe uma definitiva clareza e plenitude, tudo está a serviço da vida humana digna. Jesus assume o ensinamento do Antigo Testamento sobre a riqueza e indica que o Reino de Deus se torna possível quando o ser humano vive na solidariedade e na justiça (Lucas 6,20-24). A fé em Jesus nos permite assumir o trabalho como um valor que serve ao ser humano e a toda sociedade de forma justa. E todo bem legitimamente adquirido ou de forma moral tem sua destinação universal consignada por Deus Criador, para promover a vida humana. A raiz de todos os males sociais e humanos são a cobiça e o apego ao dinheiro, diz o apóstolo são Paulo (1Timoteo 6,10).

O correto uso da riqueza é uma questão que incomoda a consciência dos justos. Já o injusto não tem esse problema de consciência. Sem dúvida alguma, a riqueza tem em si mesma o poder de seduzir o homem, portanto, a sua consciência ética. O teólogo Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) interroga-se como fazer o bem ao próximo – se todos não possuíssem nada, nenhuma riqueza? Por conseguinte, para Clemente a riqueza é um bem necessário, sobretudo, para a caridade. Na visão de São João Crisóstomo (347-407 d.C.), as riquezas são um bem que vem de Deus e quem as possuir deve usá-las e fazê-las circular para que os necessitados também possam possuir e usufruir dela. Dessa forma, para Crisóstomo o mal da humanidade está no apego e na concentração das riquezas. São Basílio Magno (330-379 d.C.), bispo e doutor da Igreja convidou os ricos a abrirem as portas dos armazéns para fazer fluir canais férteis e as riquezas chegarem aos pobres. De modo que, quem tem riqueza somente para si não é inocente, e dar ao necessitado significa pagar um débito.

As Escrituras e a Igreja ensinam o valor moral da riqueza, de estar a serviço da vida de todos. O economista Gil Castello Branco, especialista em contas públicas, fundador e secretário geral da ONG Contas Abertas, afirma que a economia brasileira está na UTI, com um déficit de R$ 743 bilhões. O déficit representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, conforme informações divulgadas em setembro pela Secretaria do Tesouro Nacional. A gestão da economia do Brasil foi confiada ao ministro Paulo Guedes e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ambos foram descobertos com milhões de dólares em empresas offshore em paraísos fiscais, não declarados na Receita Federal. Para os economistas o ministro da economia e presidente do Banco do Brasil usam de medidas econômicas em benefícios pessoais, elevaram o dólar de R$ 3,70 para R$ 5,60, ganhando 46% de lucro em seus investimentos clandestinos, ilícitos.

Como resultado destas medidas econômicas, Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, levaram o Brasil para o chamado risco de crédito, ou seja, fuga dos investidores de capital, aumento do dólar, elevação das taxas de juros, inflação, desemprego, combustível, alimentos, gás, energia, cesta básica e outros itens. A função constitutiva da economia da nação foi surrupiada e subordinada aos fins particulares, do enriquecimento de corruptos. Guedes e Campos corromperam de forma irracional a vocação da vida econômica da nação, usando dos cargos públicos para a expansão da riqueza pessoal ilícita, portanto, corrupta. Lamentavelmente, enquanto a economia do Brasil vai de mal a pior, o capitão reformado do exército consente com a prática de seus ministros corruptos que retiram o resto dos espólios da população brasileira, cada vez mais empobrecida.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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