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A maior igreja do mundo

Vanildo Luiz Zugno

 

Difícil estabelecer qual a maior igreja do mundo. Depende do critério utilizado: área construída, capacidade para abrigar pessoas, extensão da nave, altura... Conforme a medida usada, teremos um resultado diferente. Nas várias listas possíveis, a Europa contribui com o maior número. Em seguida, vem a América. Mas há uma exceção, e ela é africana.

Trata-se da Igreja Nossa Senhora da Paz de Yamoussoukro, na Costa do Marfim. Sua construção começou em 1985 e foi inaugurada em 1990 pelo Papa João Paulo II. A decisão por edificar tal igreja em plena savana foi do ditador Félix Houphouët-Boigny. Ele governou o país por 33 anos. O custo da obra foi de 300 milhões de dólares. Tamanho investimento teve sérias consequências para o país. Após a morte do ditador, a crise econômica degradou em crise política até hoje não resolvida.

Na nave fechada, que imita a Basílica de São Pedro, cabem 18 mil pessoas. No pátio, 300.000 fieis podem assistir às missas. A capacidade total só foi utilizada duas vezes: na visita do Papa e no enterro do ditador. Os católicos são apenas 15% do total de 25 milhões de habitantes. A cidade de Yamoussoukro não passa dos 100 mil moradores. Hoje, nos domingos, o templo recebe, no máximo, 350 pessoas. O custo anual da manutenção do prédio é de 1,5 milhões de dólares.

A Igreja Nossa Senhora da Paz de Yamoussoukro é um exemplo típico da confusão entre templo e Igreja. Há pessoas que pensam que construindo um templo se está edificando a Igreja. Ledo engano. Como diz a boa teologia, o que menos importa numa comunidade cristã, é o lugar onde ela se reúne. Não é o tamanho ou a suntuosidade do prédio que diz da grandeza de uma Igreja. Aliás, a construção de prédios grandiosos, como mostra a história passada e fatos do presente, ao invés de ajudar a edificar a comunidade, muitas vezes é motivo para divisão, escândalo e destruição.

É preciso voltar à simplicidade da Igreja de Jesus. Ele se reunia com as pessoas nas sinagogas da Galileia, nas casas, nas praças, nas estradas, na beira do lago, no alto da montanha... De qualquer lugar, ele fazia um lugar de encontro com Deus. E isso por três razões. Primeira, porque, para Jesus, Deus mora na pessoa dos pobres e pequeninos. Em seus corpos machucados pelo esquecimento, desprezo e opressão, aí Ele está presente. Em segundo lugar, porque Ele se faz presente sempre que dois ou mais se encontram em seu nome. E, finalmente, porque Deus não precisa de um templo. Ele mora no coração sincero de toda pessoa que busca a verdade. Ele pode ser encontrado no monte Garizim, no Templo de Jerusalém, em qualquer espaço religioso e também fora deles.

Menos prédios. Mais igrejas vivas. É o grande desafio para todos os que colocam sua fé no Deus de Jesus Cristo e não nas obras das próprias mãos. Aí sim, teremos a verdadeira maior Igreja do mundo que será a humanidade e toda a criação habitada por Deus.

Sobre o autor

Vanildo Luiz Zugno

Frade Menor Capuchinho na Província do Rio Grande do Sul. Graduado em Filosofia (UCPEL - Pelotas), Mestre (Université Catholique de Lyon) e Doutor em Teologia (Faculdades EST - São Leopoldo). Professor na ESTEF - Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Porto Alegre)."

 

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