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Subsídios da Liturgia Dominical - Ano B - para o dia 29 de agosto

por João Romanini

22º Domingo do Tempo comum

Foto: Divulgação

Subsídios Exegéticos - Liturgia Dominical - Ano B 22º Domingo do Tempo comum

Dia: 29 de 08 de 2021

Primeira Leitura: Dt 4,1-2.6-8

Salmo: 14,2-3a.3cd-4ab.5

Segunda Leitura: Tg 1,17-18.21b-22.27

Evangelho: Mc 7,1-8.14-15.21-23

 

Evangelho

A perícope se situa entre as duas multiplicações do pão (Mc 6,30-44 e 8,1-10), como consequências da compreensão cristã do pão partilhado para todos, enfrentando o reducionismo excludente farisaico de Jerusalém. O pão partilhado deixa os discípulos alimentados sem preocupação com as leis da pureza e as tradições que os fariseus e escribas criaram como cerca ao redor da lei, interpretando-a de acordo com sua visão rigorista. Para Jesus, o que conta é o amor, ilustrado pelo pão partilhado. Porém, os representantes da religião oficial têm outro projeto. Eles estão presos às leis e tradições que se tornaram um fardo para o povo pobre iletrado, para os doentes, deficientes e estrangeiros. Para escribas e fariseus importavam mais as leis e as tradições do que o alimento do povo. Era uma prática religiosa que só olhava para o céu e se esquecia das carências do povo. Na sua visão, se as leis da pureza forem observadas Deus está bem servido, sem nenhuma preocupação com os necessitados.   

A prática de Jesus lembra que uma religião apenas preocupada com leis e tradições perdeu o espírito original da lei e já não satisfaz os desígnios de Deus. A lei, na sua origem, devia favorecer a vida do povo, porém, com o passar do tempo, foi-se esquecendo o espírito da lei, ficando apenas na letra morta e, além disto, depois do Exílio, os escribas criaram mil e uma tradições para explicar e interpretar a lei. Assim sendo, a lei resumida em 613 mandamentos vem agora acrescida com mais penduricalhos da tradição, seu número ficou astronômico. Davam a estas tradições o mesmo valor da lei. Só um expert seria capaz de observar as exigências da religião. O povo simples, que ignorava esta coleção de leis e tradições, era visto como maldito (Jo 7,49).

Um dos pontos da lei que os escribas levavam ao extremo, foi a questão da pureza (cfr. Ex 40,12-32; Lv 15), que originalmente se destinava aos sacerdotes, mas os escribas e fariseus universalizaram. Na sua compreensão, este era o nó górdio do acesso a Deus. Como o povo simples não podia observar tudo isto, se via privado de Deus. Este é o contexto de Mc 7,1-23.

Jesus não se preocupa nada com estas leis e tradições. Ele toca no leproso (Mc 1,41 = Lv 13,43s), se deixa tocar pela mulher hemorrágica (Mc 5,27 = Lv 15,19), come com pecadores (Mc 2,19ss), etc. No relato de hoje se desenha o choque da prática de Jesus com a dos escribas e fariseus. Fica evidente que agora, o eixo está deslocado. Para Jesus não contam práticas externas, leis e tradições, mas tão somente, o amor ao próximo que é o verdadeiro culto a Deus.

A questão da pureza, não era, para os fariseus, uma questão de higiene, mas apenas uma questão ritual, pois julgavam todos os pecadores impuros e, entrando em contato com qualquer objeto tocado por tais pessoas, tornaria os observantes impuros. Logo, ao se lavar, não pensavam em eliminar germes de doenças, mas queriam estar livres do contato com outras pessoas que julgavam impuras, o que por si só, já era uma discriminação e falta de amor. Então, na resposta de Jesus se mostra que a impureza não está no contato exterior com pessoas, ou com alimentos, mas naquilo que vem de dentro do coração. Antes de pensar em fazer abluções, o fariseu já estava contaminado pelo preconceito que nasceu em seu coração elitista e condenava os que não podiam observar as leis. Vinha de dentro.

Jesus, portanto, não apenas aboliu as tradições dos fariseus e escribas, mas também as leis alimentares que se encontram em Lv 11 e Dt 14, pois ele declarava tudo puro (cfr. At 10,15). Isto tudo era uma superação dos estreitos caminhos de uma igreja ainda atrelada ao AT e que agora, devia se abrir aos povos estrangeiros que desconheciam tais observâncias.

Relação com as outras leituras

Quando a lei leva à proximidade com Deus e à justiça, ela é boa, como se lê em Dt 4,6-8 (1ª leit.). A religião pura, que agrada a Deus, é cuidar dos órfãos e viúvas, ou seja, amor aos carentes (2ª leit.). Portanto, não são leis externas que levam os fiéis a Deus, mas o compromisso com os sofredores.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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