Dia de Finados: um dia diferente. Saudades. Lembranças. Lágrimas. Porém, muita esperança. Esperança do reencontro. Certeza da eternidade. São tantos sentimentos. Nossas mãos se unem para uma prece, uma vela que se acende, o desejo de paz que se impõe; pois, a vida é maior do que a morte.

O dia de finados não é um dia triste. É um dia emotivo e reflexivo. A vida se faz plena quando pensamos, acreditamos, meditamos.

Tudo terminará em cinzas? Há tantas formas de pensar, de filosofar, de afirmar. A fé cristã acolhe a dualidade que os filósofos tanto insistiram: corpo e alma, matéria e espirito.

O corpo cessa sua existência física. A alma alcança a plenitude.

O que fazer com as cinzas?

As diversas culturas resguardam o respeito pelos restos mortais. Além disso, o ser humano é por excelência simbólico. Gostamos de ter um lugar para depositar uma flor, acender uma vela, elevar uma prece.

Há famílias que espalham as cinzas. Outras reservam um espaço especial. Quem parte não deixa de existir, não fica no esquecimento.

É reconfortante ter um lugar para uma prece, uma memória, uma história a ser contada de geração em geração. As lembranças têm um papel extraordinário na continuação e manutenção dos vínculos afetivos.

A liberdade familiar quanto à destinação das cinzas está acima de tudo.

Porém, a Igreja sugere, não impõe, que haja um lugar para serem colocadas as cinzas. É uma referência, uma forma de continuar recordando aqueles que nunca morrerão em nossos corações.

A temática da destinação das cinzas não deve ofuscar o que é mais importante e mais urgente: amar aqueles que Deus colocou em nosso caminho. Não cansar de fazer o bem. Não deixar de cultivar a espiritualidade.

Viemos do pó e voltaremos ao pó. Mas há algo que não morre e isso encanta, reanima, enche de esperança. Amém.

Frei Jaime Bettega