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Este pobre clama e o Senhor o escuta (Sl 34,7)

Miguel Debiasi

Este pobre clama e o Senhor o escuta (Sl 34,7)

            O papa Francisco é deveras um pastor profético. A palavra do pontífice tem sido a voz da diferença. Seus escritos são uma fiel atualização do santo Evangelho. O que tem proposto para a Igreja vem em comunhão com as decisões do Concílio Vaticano II. Como pastor manifesta profunda sensibilidade e solidariedade às pessoas excluídas e marginalizadas. E, iluminado por uma sabedoria e uma espiritualidade genuína, o papa constituiu o Dia Mundial Dos Pobres. Uma data que diz respeito a toda humanidade.

Na percepção de que é preciso lutar contra o crescimento da pobreza mundial, o papa Francisco constitui em 2017 o Dia Mundial Dos Pobres, comemorado no terceiro domingo de novembro. Em 2018 o II Dia Mundial Dos Pobres foi comemorado em 18 de novembro. Naquele dia o papa ofereceu no Vaticano um almoço para quatro mil pessoas que vivem nas ruas de Roma. Inicialmente é preciso dizer que historicamente nenhuma personalidade mundial foi corajosa em propor um Dia Mundial dos Pobres. Contudo, na história da Igreja não faltaram pessoas que se despojaram de tudo que possuíam em prol do amor e do serviço aos pobres. Para estes homens e mulheres, crer em Jesus tornou-se um ato de amor às pessoas atormentadas pela situação de pobreza.

Mesmo diante de tantos e bravos testemunhos de fé cristã há de se reconhecer que dedicar aos pobres um Dia Mundial é iniciativa humana e eclesial de fidelidade ao Evangelho. Obviamente, hoje existem na Igreja muitíssimos cristãos, sacerdotes, religiosos fidedignos de amor e de trabalho aos pobres. Contudo, o trabalho pela superação da pobreza não diz respeito somente à Igreja e aos cristãos, mas cabe a qualquer cidadão do mundo, sobretudo às autoridades e governos. A iniciativa do papa Francisco faz alusão a algo que é bastante óbvio para um cristão e um cidadão, pois na superação da pobreza a totalidade dos seres humanos seria beneficiada.

Quando alguém é privado de vida digna as demais pessoas são moral e socialmente atingidas pela pobreza. Para um cristão amar a Cristo e para um cidadão almejar justiça social não faz sentido um sistema injusto. Logo, é preciso que todos reajam aos poderes políticos e econômicos que afundam milhões de pessoas na miséria e na pobreza enquanto uma minoria vive nas abundâncias exorbitantes. Com este espírito o Dia Mundial Dos Pobres pode vir a fomentar futuras iniciativas, pessoas, comunidade e a sociedade em geral para uma ação voltada ao bem do outro que é injustiçado, empobrecido. Certamente, qualquer iniciativa se tornará um fermento de consciência e transformação da humanidade e construtor de uma sociedade humana e socialmente justa e digna.

Seguramente, tudo que não se deve aceitar no século XXI são condições de injustiça humana e social. O amor e a compaixão esperam-se do cristão que vive a fé em Cristo e dos que rejeitam a concentração de renda e a idolatria ao dinheiro. Na mensagem do domingo Dia Mundial Dos Pobres, intitulada “Cuidando da vida”, o papa Francisco criticou a crescente desigualdade de riqueza geradora de situações inumanas. O pontífice falou do péssimo tratamento dado aos imigrantes que o mundo não deve ignorar “aqueles abalados pelas ondas da vida”, referindo—se às barreiras e exigências dos países ricos com relação aos estrangeiros.

Concluiu sua mensagem do Dia Mundial Dos Pobres dizendo que “a injustiça é a raiz perversa da pobreza”. Certamente o fruto da injustiça é gerar mais empobrecidos. E alertou “o clamor dos pobres diariamente torna-se mais forte, mas é ouvido menos, abafado pelo barulho dos poucos ricos, que crescem cada vez menos e mais ricos”. Com a proposta de dedicar aos pobres um Dia Mundial, o pontífice conclama cristãos, movimentos, sociedade, grupos, organizações, igrejas, sindicatos e autoridades a lutarem contra a pobreza e marginalização de pessoas vítimas de um sistema de sociedade injusto, aético, imoral, anticristão.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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