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A solidariedade: virtude social, política, ética, religiosa

Miguel Debiasi

 

Todo gesto de solidariedade confere uma maior sociabilidade das pessoas. A solidariedade é intrínseca a sociabilidade. A virtude da solidariedade é condição de maior dignidade das pessoas, indica a Doutrina Social da Igreja. Em contexto de pandemia viral da Covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem insistido e convocado todas as nações e a humanidade para ações solidárias. A ação solidária é o auxílio mais eficaz e emergencial que os empobrecidos e desamparados esperam da humanidade e dos governos.

A globalização da economia estabelece uma relação de interdependência das nações. No entanto, essa interdependência não significa corresponsabilidade pelos países, sobretudo, com as nações empobrecidas. Como parece-nos notório que o crescente volume de intercâmbios comerciais não significa desenvolvimento justo dos países. Nos acordos comerciais bilaterais países são favorecidos e outros prejudicados. Nesta lógica, a comercialização de produtos industrializados, matérias primas, informações e conhecimentos científicos e tecnológicos tornaram-se uma guerra mercantil internacional. Na verdade, a globalização da economia a base da exportação e da importação de produtos levou países a condições de colônias, totalmente dependentes das potências econômicas.

Por outro lado, cresce a consciência do liame de interpendência entre as pessoas, povos e nações, gerando a necessidade de maior vinculação de ações políticas e de projetos comuns. Esta necessidade de uma consciência planetária cresce desde o início da história da civilização, não é patente da economia globalizada e da era contemporânea. Entretanto, pelo avanço da mass media facilita a conexão de projetos sociais e de ações políticas de proporções mundiais. Esta experiência evitaria nefastos atos sociais e políticas governamentais que causam desastrosas consequências planetárias. De certa forma, isto fez-se real no movimento antirracista que protesta pelos quatro cantos do mundo. No momento certo, também surge o grito solidário planetário pela preservação da Amazônia e dos povos amazônicos denunciando as queimadas e o desmatamento, facilitado pela flexibilização da política ambiental do governo federal.

As relações de interdependência entre países, povos, etnias, raças são benéficas quando tornam-se um movimento por um mundo mais justo a toda humanidade. Nesta perspectiva, as conexões solidárias implicariam a virtude da ética social e política entre povos, comunidades e indivíduos na preocupação de um mundo mais humano e fraterno. Em prol deste movimento a solidariedade poderá ser elevada há um princípio regulador das relações institucionais, diplomáticas e humanas. Por esse caminho de consciência mundial solidária, se lutaria pela preservação dos bens comuns como do planeta terra, a defesa da “casa comum”, a superação da crise econômica, ecológica, sociológica, moral e outras. Pode-se dizer, que este esforço solidário é extremamente evangélico. O próprio Cristo ensinou seus discípulos e os enviou como comunidade pelo mundo para viverem este princípio moral, religiosa, social (Mateus 10, 40-42).

A Doutrina Social da Igreja entende que a solidariedade é inerente a vida cristã. Por consequência, toda ação cristã serve a causa do bem comum das pessoas, dos povos e a paz do mundo (Lucas 22,25-27). Nesta perspectiva, implica ao cristão uma consciência do débito que se tem com o crescimento da humanidade. É bem assim, a partir da fé em Cristo somos devedores daquelas condições que torna possível a existência humana digna e de um agir social, político, religioso, que interrompa toda forma de escravidão, exploração e marginalização das pessoas (João 10,1-10). O fato é que em Jesus de Nazaré tem-se a prática da solidariedade perfeita em todas as dimensões da vida humana. Em suma, para um cristão nos atos e nas palavras de Jesus Cristo apura-se os valores suficientes a iluminar qualquer relação e atitude em benefício das pessoas. Porém, para viver segundo Jesus Cristo, do cristão requer-se de uma vontade ainda maior e um sacrifício extremo do ser capaz de “dar a vida pelo próprio irmão” (1João 3,16).    

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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