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Rumo à opção laocrática

Miguel Debiasi

 

A economia liberal impôs a política imperial, onde o senhor do mercado é servido em nível mundial. O mercado submete toda a humanidade aos seus pés. A consequência decorrente do mercado é a aceleração da competição desigual entre nações, da qual crescente o fascismo político impondo derrota ao Estado e sua função de regulador da economia. Isto exige amplo debate em seu papel de governar e conduzir a economia.

Joerg Rieger, alemão metodista, professor de Teologia que leciona nos Estados Unidos; o coreano católico Jung MoSung, doutor em Ciências da Religião, que escreve sobre educação e economia; e o biblista argentino Néstor O. Míguez, que reflete sobre as comunidades Pentecostais, propõem a reflexão Para além do espírito do império. Para estes teóricos a humanidade está submetida à vontade do império global. Este tem suas raízes no imperialismo norte-americano e tem alcance mundial, semelhante a um “messianismo na história da humanidade”. O motor deste alcance é o livre mercado, ainda que em crise, que governa o mundo com o espírito do império.

Na análise dos teóricos, o desenvolvimento desta política do império teve seu período mais agressivo com o presidente George Walker Bush, que governou os Estados Unidos entre 2001 e 2009. Bush inovou a política do império mediante aprofundar conflitos mundiais como os do Afeganistão, Iraque, Irã, região da Palestina, através das “leis patrióticas”. Estas leis possibilitaram a expansão da política econômica dos Estados Unidos em nível mundial. Na rejeição desta proposta, os Estados Unidos impuseram retaliações econômicas aos países, sobretudo do terceiro mundo, os subdesenvolvidos. Dessa forma, a política econômica do império foi implantada através da força bélica militar com ameaça do Pentágono e fazendo-se temida pela prisão de Guantánamo. Desse modo, vendeu-se ao mundo a proposta econômica norte-americana na ideia de um mundo desenvolvido.

Por força desta política econômica o espírito do império move-se no mundo, controla o mercado financeiro, cria e ordena os conflitos bélicos, silencia os protestos dos países subdesenvolvidos, submete nações às decisões do livre mercado. Vendeu-se a ideia de novo mundo, o melhor possível. Contudo, as debilidades do império aparecem de muitas formas, como nos embargos econômicos a países do terceiro mundo, no descumprimento das normas de órgão internacional, na violação de leis e de acordos bilaterais. Desta economia liberal decorre o atrelamento da ética à política, a resignação do ser humano às circunstancias históricas e o crescimento do imperialismo pelo controle do mercado mundial.

Logo, a expansão da política econômica do império norte-americano limita a soberania e o poder de decisão dos estados nacionais. Decorrente a isto, os estados nacionais que se constituíram num sistema político soberano foram atrelados ao poder do império norte-americano. Assim, as vozes nacionais soberanas que deveriam enxergar e reconhecer um grande número de prejudicados perante o atual sistema econômico tornaram-se mecanismo de subserviência à política do império. Na ausência das vozes nacionais independentes construiu-se um único discurso, do fascismo político mundial, a faceta sobre a qual o espírito do império transforma nações e colônias, pequenas províncias.

Diante do imperialismo econômico e político global é preciso debater a ideia de sistema alternativo, capaz de potencializar as nações e os seres humanos, suas possibilidades de solidariedade por uma dignidade universal. Numa reflexão ampla, como propõe o Fórum Social Mundial, criar um movimento além-fronteiras nacionais e construir alternativas que viabilizem a ideia de outra proposta econômica. A esperança de uma maneira de conduzir a economia permite uma crítica radical ao espírito do império. O novo papel do estado nacional, de conduzir a economia, torna-se viável quando nasce do povo, da consciência, através do exercício da laocracia. A laocrocia é o movimento do povo oprimido e explorado que levanta sua voz e que não se resigna com a força do império, mas que se articula num projeto mundial através de uma ampla luta a modificar o rumo da história.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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