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Esperança – mudança de planos

Neusa Picolli Fante

Hoje fiz algo que nunca havia alcançado – estrangulei a esperança. Corri ao encontro de meus sentimentos e eles me levavam a uma atitude nova... Mas, para isso, contatei com a raiva que sentia, e lembrei que posso usá-la de maneira positiva, em meu benefício para me erguer, e assim pensei maneiras de redirecionar.

Penso que nutrir a esperança era consequentemente alimentar também a dor que sentia.  Por isso, estrangular a esperança talvez tenha sido o investir positivamente de uma raiva que experimentava. Estava cansada de sofrer pelo mesmo motivo, era hora, enfim, de fazer as malas e acomodar aquela angústia. A opção me parecia saudável, pois necessitava reinvestir a esperança em outras coisas, e enquanto não desse fim à aquela esperança, não teriam espaços para outras...

Estou em processo... eu sei... mas enquanto ficamos presos num fio de esperança, com algumas realidades que se mostram duras e frias, sofremos, justamente porque estamos ligadas à aquela esperança específica...É ali que criam-se espaços que precisam ser observados, comigo mesma ou com outras pessoas.

Será que você também sente que necessita dar fim a alguma esperança que sente. A frustração que invade seus dias, está ligada a alguma esperança, expectativa que ainda carrega, de que algo aconteça? De ouvir alguma coisa que talvez jamais seja dita, ou que nunca acontecerá como você deseja?

Como eu, alimentou a espera e novamente se frustrou. Voltou para casa exaurido... Quantas vezes nos sentimos assim?

Precisamos compreender que mantemos algumas ilusões... de um reconhecimento, de um afeto, de um olhar, de uma palavra... que não veio e talvez nunca virá... Chega um momento, que necessitamos sair da zona de ilusões, de que coisas podem acontecer de um jeito gratificativo, até romântico, sem ter romance... Sair dessa ilusão é efetivado estrangulando a esperança, redirecionando-a. Reacender assim, a esperança, de uma nova maneira.

A realidade dura e fria se mostra. Não é porque eu sinto que mereço, que gostaria de receber o afeto, a palavra, que isso realmente vai acontecer. As pessoas não vão enxergar porque você gostaria que enxergassem. A palavra não vai ser dita porque você acredita que seja o ideal. Entre muitos outros aprendizados...

O que é se proteger para não sofrer nesses episódios? Será que é estrangular a esperança?  Derivar ela, poderia ser também. Alterar o rumo. Ou quem sabe estacionar ela em outros lugares... Sem dúvida é retirar a energia que deposito na esperança daquele fato, pessoa, episódio, maneira, e depositá-la, investir de outro jeito, em outros lugares, em outra coisa, dar novos direcionamentos para essa energia...

Preciso olhar melhor para minhas emoções, principalmente dos nós que ficaram do meu passado. Emaranhados que ali permaneceram, e finalmente perceber, como ainda os alimento.

Sair da ilusão, é parar de desejar o que não vai se concretizar, simplesmente porque eu desejo ardentemente. Isso é me dar limites, e enxergar sob nova perspectiva... Enfim, redirecionar a esperança... E isso, necessita de coragem e investimento.

É escolher um novo caminho, que não foi traçado, ensaiado, previsto.

Sim. É tudo isso. Estrangulei a esperança e voltei para casa melhor do que em outras vezes. Quando a mantinha em mim, me desesperava, pois nada do que eu sonhava, queria, desejava se realizava...

Transformei o que estava bruto em mim em algo mais acolhedor, diferente de como existia. Percebi que a esperança que sentia se transformou em entendimento, sabedoria, direcionamento.

Veja bem! Estrangulei aquela esperança e nasceram muitas outras, pois sou movida de esperanças... Escolhi o caminho que não havia pensado e nem tinha sido traçado, redirecionando a minha esperança...

Sobre o autor

Neusa Picolli Fante

Psicóloga Clínica e Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto. Graduada em Comunicação Social.  Autora do livro Caminho dos Girassóis: Uma abordagem sobre o luto, Dor sem Escuta, Entrelinhas da Vida, Quintais da Minha alma.

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