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Subsídios Exegéticos Para a Liturgia Dominical - Ano A

por João Carlos Romanini
Foto: Divulgação

Subsídios Exegéticos Para a Liturgia Dominical - Ano A

7º Domingo do Tempo Pascal – Ascensão do Senhor

Evangelho: Mt 28,16-20

Primeira Leitura: At 1,1-11

Sl 47,2-3.6-7.8-9 (R.6)

Segunda Leitura: Ef 1,17-23

 

Mt 28, 16-20

Mateus desenvolve o tema da aparição na Galileia em termos teológicos muito pessoais como verdadeiro epílogo não só das aparições pós-pascais, mas de todo o seu evangelho.

O Jesus que aparece sobre a montanha aos seus onze discípulos é antes de tudo o Kýrios. O termo não é explícito, mas resulta da adoração dos discípulos que se prostram diante dele (proskynéo: cf. 14,33). É o “Senhor” da Igreja, aquele que é objeto de adoração e de oração da parte dos seus discípulos. Estes formam um grupo variado (trigo e joio, peixes bons e que não prestam): “alguns, porém, duvidaram” mesmo diante do Ressuscitado. Pouca fé das pessoas de fé (cf. 14,31 onde ocorre o mesmo verbo, distázo).

Em segundo lugar, é Filho do homem investido por Deus com “toda a autoridade no céu e na terra” (cf. Dn 7,14). É o juiz escatológico, “sentado à direita do Todo-poderoso” (26,64). Mateus não cancela do seu horizonte a parusia, o retorno glorioso do Messias no fim dos tempos. Mas desde agora, isto é, da morte e ressurreição, consideradas como evento único e dotado de uma força verdadeiramente última, final, decisiva, Jesus é tal qual aparecerá ao final dos tempos.

Aparece no texto uma tarefa que antecipa o fim dos tempos: é a evangelização de “todas as nações” (28,19 → 24,14). Pánta tà éthne é uma designação standard das nações pagãs, e é claro que, para Mt, o campo missionário dos cristãos é o mundo inteiro (13,38).

Dilatação da parusia e percepção do mandato missionário universal são duas realidades corelatas.

Mas a abertura aos pagãos não ocorre conjuntamente a um fechamento da Igreja em relação ao povo hebreu (25,32).

As modalidades da missão ad gentes, do grande mandato missionário que conclui o Evangelho de Mateus, são duas: o batismo e a didaqué apostólica. Trata-se de “fazer discípulos” (matheteúo) todas as nações, batizando-as e ensinando a elas, todas as coisas ordenadas por Jesus, ou seja, evangelizando-as.

A forma trinitária do batismo é surpreendente, inusual em Mateus. O que se diz literalmente é batizar “para o nome” (eis tò ônoma) do Pai etc. É sabido que a primitiva fórmula batismal era “em nome de Jesus Cristo” (At 2,38). O batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” se encontra também na Didaqué (VII, 1) e indubitavelmente confere à conclusão de Mt um andamento particularmente solene e teologicamente sintético.

Quanto à evangelização, Mt sublinha seu aspecto legal, normativo. Menciona a “observância”, o “mandato”. Não se trata somente do anúncio festivo, mas também de uma exigência pela qual não somente a Torá continua em vigor (5,17), mas o próprio ensinamento rabínico (28,20 → 23,3 onde recorre ao mesmo verbo teréo, observar).

Ao final (v. 20) aparece uma grande promessa, que é verdadeiramente a última palavra de Jesus: “Eu estou convosco”. Não somente: “Venho muito em breve” (AP 22,20). Mas “Eu estou convosco”. Todos esses dias que vivemos na expectativa são já preenchidos por uma presença. A linguagem usada aqui por Mt é aquela da aliança do “Deus conosco” que inaugura o relato desde a anunciação (1,23) e vem retomada numa síntese maior ao final do Evangelho.

Se relacionarmos início e fim do Evangelho de Mateus percebemos que vida inteira de Jesus é uma profecia da nova aliança e da permanente presença de Deus na história humana, que se atualiza com a ressurreição de Jesus e se exprime na promessa do Ressuscitado à sua Igreja, com a qual conclui o Evangelho: “Eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.

Esta grande inclusão entre o início (1,23: meth’ hemôn, conosco) e o final do Evangelho (28,20: meth’ hymôn, convosco) é eloquente. A ressurreição de Jesus universaliza (todas as nações) e eterniza (por todos os dias) até o fim da história a experiência de comunhão vivida por ele, “Deus conosco”, junto aos seus discípulos.

A experiência do Ressuscitado que Mateus nos transmite não se trata de uma aparição, ou uma ocasional cristofania, nem tampouco se relaciona com a parusia. Trata-se de uma presença discreta e silenciosa que nos acompanha por todos os dias de nossa vida. Jesus ressuscitado e sentado à direita do Pai é presença de Deus na história do mundo.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana:

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA

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