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Subsídios exegéticos para a liturgia dominical Ano a 21 de agosto 2020

por João Carlos Romanini

21º Domingo do Tempo Comum

Foto: Divulgação

Subsídios exegéticos para a liturgia dominical

Primeira Leitura: Is 22,19-23

Salmo: Sl 137,1-2a.2bc-3.6.8bc (R. 8bc)

Segunda Leitura: Rm 11,33-36

Evangelho: Mt 16,13-20

 

Do contexto para o significado

Nesta parte do Evangelho de Mateus (14,1-20,34) Jesus e sua comunidade apostólica fazem a última e derradeira viagem da Galileia até Jerusalém onde Jesus será crucificado. Para a comunidade de Mateus, formada por pessoas refugiadas e sobreviventes da destruição da cidade e do templo em 70 d.C. esta narrativa é de grande relevância.

Da memória à ressignificação

Mt 16,13-20 tem como fonte o Evangelho de Marcos (8,27-30), ou, no mínimo, um texto (logia) em comum. Não se trata, no entanto, de mera cópia. Mateus faz uma ressignificação. Isso se nota no título que Mateus acrescenta: Filho da humanidade (uion tou antropou) (Mt 16.13b). Joaquim Jeremias observa que este título nunca apareceu em nenhuma confissão de fé, aparecendo apenas quando dita pelo próprio Jesus. Provavelmente trata-se de uma expressão original dele. Em aramaico, a língua de Jesus, diz-se “bar ‘enasha”. No entanto, chama a atenção que seja apresentada sempre em terceira pessoa. A expressão tem suas origens nos escritos apocalípticos do judaísmo, como em Daniel (7,13;8,17). Jesus – em sua identidade messiânica - comunga com a humanidade sofrida, com a comunidade perseguida e martirizada, sendo “Filho da humanidade”, projetando-a para a vitória escatológica do Reinado dos Céus.

Outra inclusão de Mateus é a menção ao profeta Jeremias. É, certamente, o mais sofrido de todos os profetas, que chega a maldizer o dia do seu nascimento (Jr 20,14). A comunidade de Mateus vê em Jesus a expressão de todas estas heranças. Na resposta definitiva a comunidade de Mateus vai além do original de Marcos, acrescentando, além de Cristo: “Filho do Deus Vivo”! Esta é uma confissão que resgata Os 2,1: “filhos do Deus vivo” (uioi Theou zontos) – na versão grega dos LXX – significando a inclusão das comunidades no novo Israel.

Jesus, na confissão de fé pronunciada por Pedro, é o Cristo que gera em si uma nova humanidade de filhas e filhos do Deus Vivo. Da mesma forma, quando Pedro é chamado bem-aventurado (makarios), ele representa todas as pessoas das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e quando é qualificado como a “pedra/rocha” sobre a qual a Igreja (assembleia/ecclesia) é edificada, manifesta o sentido missionário da igreja como geradora de nova humanidade para todas as pessoas, vencendo a morte/inferno/submundo.

Relacionando com os outros textos

O texto de Isaías compara um servo personalista, que buscava se autopromover, chamado Sebna (Is 22,15) que não considerava a grandeza de Deus, mas se apropriava dela, com outro Eleakim (cujo nome significa Deus se estabelecerá, Is 22,20) que, em seus atos, refletia a presença de Deus. Pedro ao declarar a divindade de Jesus, não o faz para si, mas assumindo a voz desta nova humanidade que surge em Cristo. Da mesma forma, Paulo lembra a doxologia, pronunciada na Oração Eucarística: “porque dele, por ele e para ele, são todas as coisas” (Rm 11,36a).

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

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