Pensando Bem: mudar de nome
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A provocativa frase: “ Mude de postura ou mude de nome” foi dita pelo imperador Alexandre, o Grande, a um soldado que trazia seu nome e se apresentava com desleixo total. O nome é o maior valor da pessoa, pois representa sua individualidade. Ninguém gosta de ser confundido com outra pessoa. O nome nos diferencia do resto da humanidade. Ele sintetiza nossa história.
Entre o povo da Colúmbia Britânica - uma das dez províncias do Canadá – existe uma significativa prática financeira. Ao tomar dinheiro emprestado, a pessoa deixa o nome como garantia. Não se trata apenas de assinatura: é o nome mesmo. Até pagar a dívida ele é obrigado a usar outros nomes. Já entre os índios Miskitos, da América Central, uma tradição milenar permite à pessoa mudar de nome várias vezes na vida.
Para eles, mudar de nome significa deixar atrás dívidas, compromissos e tudo o que se refere ao passado. A pessoa assume uma identidade nova e, com ela, uma vida nova. A mudança, na cultura miskita, pode acontecer até três vezes na vida.
Nome e postura devem andar juntas. Se alguém se declara cristão, deve ter postura de cristão. Os Santos Padres pediam: cristão, torna-te aquilo que és. E o Papa João Paulo II estendia a recomendação: família, torna-te aquilo que és. É a aproximação entre o ideal e a prática, entre o nome e a vida.
Existe diferença entre o rótulo e o conteúdo. Nos levantamentos estatísticos aparece um dado contraditório: o cristão não praticante. É o crente nominal, o crente de estatística, o não crente. Isto vale para toda a vida social.
O Evangelho garante que é sempre possível recomeçar. É possível mudar de atitude e ser fiel ao nome que possuímos. É ainda o Evangelho que lembra a diferença entre o pecador e o incoerente. Pecadores somos todos, mas não podemos ser incoerentes. O pecado lembra nossa fraqueza, já a incoerência é apostar na duplicidade, abrindo um abismo entre o nome e o comportamento.
Não podemos voltar atrás e refazer nossa biografia, apagar nosso começo, podemos, isto sim, começar agora e preparar um novo fim.
Frei Aldo Colombo
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