No anoitecer de 3 de outubro de 1226 morreu um certo Francisco, aos 44 anos de idade. A morte aconteceu num pobre convento nos arredores da cidade italiana de Assis. No entanto, 793 anos depois, ele aparece como uma das grandes figuras da humanidade. É considerado, por muitos, como o maior personagem do segundo milênio. A própria Modernidade, irreverente e iconoclasta, olha para ele como inspiração.

Num mundo que consagrada ídolos da noite para o dia e da noite para o dia os esquece, é surpreendente a atualidade do santo. Naquele tempo não existia a rapidez e a universalidade das mídias globais de hoje. Ele tinha tudo para ser esquecido. Qual mesmo o segredo deste homem?

Raniero Cantalamessa, um capuchinho que desde o papa João Paulo II é o pregador da Cúria Romana garante que a explicação existe: “ a palavra que explica tudo sobre ele, o seu “segredo” é muito simples: ele recorda ao mundo Jesus Cristo. Ele recorda Jesus de Nazaré; é seu ícone vivo”

Francisco soube ler o Evangelho e ler a história humana. Suas bandeiras continuam atuais, porque o mundo de hoje não é muito diferente do mundo de Francisco. As rachaduras que ele percebeu são cada vez mais desafiantes. E as soluções franciscanas continuam válidas.

O mundo de Francisco era um mundo de desigualdades sociais e exclusões, um mundo de conflitos de todas as dimensões, um mundo em que a Igreja e a mensagem evangélica eram ignoradas. Francisco, numa intuição surpreendente aposta no estilo de vida que se chama Fraternidade. Aposta na força do amor para resolver os conflitos e trazer a desejada paz. Ele ama a Igreja do seu tempo – santa e pecadora – e aposta na solução da santidade. Parece simples demais para ser verdadeiro.

Francisco se antecipa ao seu tempo. Num mundo que ainda desconhecia a poluição, ele é profeta da reverência pela Criação. Tudo saiu das mãos de Deus e ele assumiu como irmãos e irmãs a água, a terra, o sol, as aves, enfim, toda a criação. É o santo protetor da Ecologia. Mais do que isso, a Ecoteologia. Ele percebia em toda a criação a mão de Deus.

O mundo de hoje, angustiado, sem rumo, olha para o passado e pede: volta Francisco, precisamos de tua ternura e teu vigor!

Frei Aldo Colombo

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