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Para além do horizonte dos 3M

Miguel Debiasi

 

O que é uma estrutura? O que é um significado? O que é a moral? Teóricos debatem longas horas sobre uma pergunta pertinente a vida, por vezes, não encontra respostas e quando a encontra ainda incompleta. Chega-se a falar até mesmo em perguntas que não tem respostas. Todo texto tem uma pergunta que apresenta uma estrutura, um significado e uma moral. Com esse esquema é possível analisar um texto e até mesmo a sociedade que participamos.

Para compreendermos isto recorremos a um livro bastante conhecido dos cristãos que é a Bíblia. O termo Bíblia, do grego biblía, significa “livros”, ou o plural do biblion. No latim e nas línguas modernas foi transliterado para o singular – livro. A Bíblia é uma coletânea de uma série de livros, cada qual com seus capítulos, versículos e suas particularidades e estilos redacionais e literários. Os livros da Bíblia se organizam em duas grandes partes: a) os livros do Antigo Testamento – redigidos aproximadamente a partir de 1300 a.C. até 100 d.C. Estes livros, sobretudo os primeiros, se baseiam na tradição oral antiquíssima; b) os livros do Novo Testamento – redigidos a partir do século I d.C. centrados na mensagem de Jesus Cristo.

Em termos de estrutura da Bíblia ainda poderíamos tomar cada parte, o Antigo e Novo Testamento e apresentar suas próprias subdivisões que são todas referentes a fé. No Antigo Testamento são quarenta e seis livros, subdivididos da seguinte maneira: a) os livros históricos: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Estes livros também são chamados de Pentateuco, que significa conjunto de cinco livros; b) Os chamados Torá, que quer dizer “Lei”, são os seguintes livros: Josué, Juízes, Rute, Primeiro e Segundo Samuel, Primeiro e Segundo Reis, Primeiro e Segundo Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Primeiro e Segundo Macabeus; c) são chamados livros sapienciais ou poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos cânticos, Sabedoria, Eclesiástico; d) os livros proféticos são divididos em dois grupos, os chamados profetas maiores, em virtude da extensão dos escritos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, e o segundo grupo chamados de profetas menores pela quantidade exígua de seus escritos: Ezequiel, Daniel, Oséias, Amós, Joel, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Deste conjunto de livros os hebreus assumiram trinta e seis, divididos em três grupos em “Torá, Profetas e Livros”. Os hebreus excluíram os livros de Tobias, Judite, Primeiro e Segundo Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e também parte de Daniel. A razão da exclusão porque são livros escritos ou redigidos em grego e que são apenas conhecidos nesta língua.

A segunda grande parte da Bíblia, o Novo Testamento, é reconhecido como canônicos vinte e sete livros, divididos da seguinte maneira: os quatro Evangelhos segundo S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João e os Atos dos Apóstolos; um corpus de cartas de São Paulo ou a ele atribuídas: Carta aos Romanos, Primeira e Segunda aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, Primeira e Segunda aos Tessalonicenses, Primeira e Segunda a Timóteo, a Tito, a Filemon, aos Hebreus; as sete cartas de apóstolos ou atribuídas a apóstolos: Carta de S. Tiago, Primeira e Segunda de S. Pedro, Primeira, Segunda e Terceira de S. João e de S. Judas; um livro profético de S. João: Apocalipse.

Os biblistas consideram outros pormenores de cada livro com todas suas particularidades, como Paulo afirma: “Toda escritura é inspirada por Deus” (2Timóteo 3,16-17). O significado da Bíblia vai além de sua estrutura literária e redacional ou aquém dos horizontes da sabedoria humana e da ciência, porque ela nos apresenta a Palavra de Deus. A Palavra de Deus não se aprisiona a nenhuma estrutura humana. Nessa lógica podemos examinar as estruturas da atual sociedade. Sociólogos compreendem a realidade brasileira em sua estrutura política, níveis de poder hierárquico e graus morais representados em 3M – militares, milicianos e moralismo. Os militares estão empregados em todos setores do governo federal. Os milicianos estão organizados na política e infiltrados em todos os bairros. E o moralismo é uma espécie de um oráculo ou uma resposta peculiar da educação e da experiência religiosa brasileira. Os 3M são as três grandes forças que predominam e constituem um poderoso vínculo de submissão do povo brasileiro. Para os sociólogos está claro que é preciso romper esta estrutura com seus vínculos alienantes, para alicerçar um novo período para os brasileiros e para o país.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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