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O trabalho, uma dimensão essencial da vida

Miguel Debiasi

 

A Sagrada Escritura apresenta Deus como criador onipotente (Gênesis 2,2). Com sua sabedoria Deus plasma o ser humano a Sua imagem e o convida a cuidar da terra (Gênesis 2,5-6). E, Deus confere ao ser humano o ofício de guardião do jardim de Éden em seu benefício e felicidade (Gênesis 2,15). Por este desígnio do Criador considera que o trabalho é da condição humana. Precisamente, o trabalho é inerente a vida humana e ele está condicionado ao seu próprio benefício.

O trabalho pertence a condição originária do ser humano, defende a Doutrina Social da Igreja. Em razão disto, todo trabalho deve ser honrado como meio virtuoso a engrandecer o sentido da vida humana e os desígnios de Deus. Por ser este o sentido do trabalho, a Sagrada Escritura exorta: “Vale mais o pouco com temor do Senhor, que um grande tesouro com a inquietação” (Provérbios 15,16). Igualmente, diz do resultado essencial do trabalho humano não é o lucro, mas a justiça: “Mais vale o pouco com justiça, do que grandes lucros com iniquidade” (Provérbios 16,8). A experiência do trabalho reúne diversos elementos, vividos simultaneamente e em decorrência da atividade humana.

Jesus Cristo ensina aos apóstolos da importância do trabalho: “Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho” (João 5,17). Também ensina a evitar o trabalho como instrumento de dominação do mundo (Marcos 8,36). Bem como, fazer do trabalho uma aflição que impeça de entendê-lo como atividade integrada ao sentido da vida humana (Mateus 6,25.31.34). Daí que o trabalho precisa ser exercido como sinal do Reino de Deus entre as pessoas (Mateus 6,33). Na verdade, nele identifica-se uma significação para a vida pessoal e comunitária (Lucas 10,40-42). As comunidades do Antigo Testamento propuseram a observância do sábado como tempo de descanso a evitar a escravidão pelo trabalho, como recorda Jesus: “o sábado foi feito para o homem, e não homem para o sábado” (Marcos 2,27). Então, toda atividade é essencial quando dá pleno sentido à vida humana e por ela torna-se um meio de transformar e ordenar o mundo à luz do Reino de Deus (Mates 25,35-36).

A Igreja entende ser fundamental na cultura contemporânea que o trabalho não seja opus servile, mas sim opus humanum, ou seja, de uma atividade que dá honra e dignidade a vida humana. Com seu trabalho e com sua laboriosidade, o ser humano, deve criar as condições materiais a satisfazer as necessidades subjetivas e objetivas, portanto, a pessoal e a comunitária. Neste cuidado com o trabalho, foi feliz a expressão de São Bento ora et labora, ou reza e trabalha que confere um sentido religioso ao trabalho e a toda atividade humana. Na verdade, São Bento considera que todo operar humano precisa estar conectado à vontade divina, portanto, relacionado ao justo e ao digno para todas as pessoas e a comunidade.

No trabalho perfila-se da obrigação moral e social com as pessoas e com relação ao próximo, como ao desempregado. Infelizmente, no Brasil, o desemprego atinge a 12,9% da população. A taxa de desemprego entre os jovens é ainda mais preocupantes, 28% estão sem trabalho. Como senão bastasse, elevação da taxa de desemprego e do números de trabalhadores informais, o Brasil consegue outro resultado muito negativo, deixou de fazer parte das dez economias industriais. Ao deixar o ranking dos 10 maiores países industriais do mundo, o Brasil demonstra que está no caminho errado, rumo a recessão econômica, industrial e comercial. Isto significa, mais desemprego e menos trabalho para o povo.

A jornalista a Thaís Barcelos compara, enquanto a produção industrial do resto do mundo cresceu 10% desde 2014, a atividade nas fábricas brasileiras caiu 15% no mesmo período. A economista Laura Karpuska, da Blueline Asset, constata que na China a atividade das fábricas cresceu 8% desde 2014, enquanto na América Latina o desempenho foi de uma queda de 4%. O destaque negativo entre os maiores países da região foi o Brasil. O economista Rafael Cagnin, do Instituo de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), analisa que a queda do ranking do Brasil deve-se: “é resultado da política econômica do golpe, da devastação da Lava Jato na indústria nacional e da terra arrasada de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes”.  Lamentavelmente, quem sofre o resultado da desastrosa política econômica implantada no Brasil nos últimos cinco anos, são 50 milhões de brasileiros, entre desempregados e prestadores de serviço informal.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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