A avó diz para o neto no aeroporto: Não chore, porque se chorar quando entrar no avião, a tua lágrima congela. O neto faz beiço e tranca o choro. Eu mais uma vez impacto! Eu não posso invadir o espaço deles e dizer não, pode sim chorar! Fica evidente que ela não sabe lidar com o choro da criança. Isso me faz refletir a falta de informação, não só dela, mas da sociedade que ela, nós, estamos inseridos.  

Dizem não chora os desavisados, os que tem medo de se emocionar, os que não sabem o que dizer, os que não aprenderam a lidar com as emoções.  

Os outros dizem eu te empresto meu ombro, desmancha todas as lágrimas que ainda cabem em ti, dilui a dor que vai no teu peito. Dissolve, transforma, desfaz... E assim te refaz!

Chora sim! Todas tuas lágrimas, todos teus lamentos... Chora com o outro que pressupõe acolhida. Chora sozinho, no escuro, embaixo da cama, atrás da porta - onde ninguém te vê, onde te sentir confortável, ou onde só você consegue cuidar das suas próprias dores transformadas em lamentos - lágrimas.

Peça ajuda se sentir que precisa, mas faça algo por você e pela vida que pulsa ali dentro de ti. Aquela fresta de vida que é calada pelas lágrimas que não foram choradas, pela dor que foi sentida, pela expressão que não teve vasão, agora se abre e deixa a luz da sintonia e da serenidade entrar.

Só assim você ficará mais leve para seguir adiante numa nova jornada de ressignificação das suas pendências...