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Evangélicos em Curitiba

Miguel Debiasi

Com a detenção do ex-presidente Lula da Silva, a cidade de Curitiba tornou-se espaço cosmopolita. Desde sua prisão, manifestantes mantém acampamento defronte da sede da Polícia Federal de Curitiba. Por um lado, a presença do acampamento incomoda os adversários de Lula, mas, por outro, parte da vizinhança oferece alimentos e abre as casas aos acampados. Os acampados cumprem rito a cada manhã com a saudação num megafone: “Bom dia presidente Lula”. No final do dia, outro rito: “Boa noite presidente Lula”. A persistência dos acampados é admirável.

Pouco mais de dois meses da detenção de Lula, já passaram por Curitiba milhares de pessoas entre autoridades, personalidades, lideranças, intelectuais, artistas, sacerdotes, religiosos, representantes de movimentos populares, sociais, de gênero, funcionários públicos, voluntários, simpatizantes, admiradores do ex-presidente. Segundo informações que circulam na imprensa livre e em redes sociais, a cada dia o acampamento ganha força, e a resistência chama a atenção da imprensa nacional e internacional pela organização e planejamento do movimento Lula Livre. Prova é que diante da resistência e perseverança o prefeito da cidade e opositores de Lula solicitaram à Justiça a transferência do detido e não foram atendidos. 

Conforme a imprensa livre, o movimento Lula Livre vem ganhando força à medida que se aproximam as eleições. Como prova desta mobilização, um grupo expressivo de lideranças evangélicas participou do programa Democracia em Rede na quarta-feira dia 30 maio, em Curitiba. Entre o grupo estavam o economista Wagner Wiliam da Silva e os pastores Cleusa Caldeira, Mike Viana e João Mario, da Frente Evangélica pelo Estado de Direito, que participa da Vigília Lula Livre na capital paranaense. Os evangélicos deixaram um manifesto: "Reivindicamos o direito de votar em Lula para presidente. Se querem vencê-lo, que vençam nas urnas".

O fato é que o acampamento tomou um significado que transcende as lonas e as barracas, ganhou a proporção de cidadania e exercício da democracia. Tamanho é o significado que já foram muitas as tentativas de retirada dos acampados, inclusive mediante disparo de tiros, ameaças judiciais, derrubada das barracas, quebra e furtos de pertences de propriedade dos acampados, etc. E, na verdade, o movimento Lula Livre representa, por um lado, luta pela volta da democracia no país e, por outro lado, a denúncia dos mecanismos midiáticos que manipularam a opinião pela cassação de Dilma e a condenação de Lula. O acampamento com seus atos diários e produção de vídeos e material contrapõe-se ao jornalismo dos grandes grupos midiáticos, alinhavados aos interesses do mercado neoliberal. Daí resulta nos acampados o sentimento de revolta pela condenação do ex-presidente e pela cassação de Dilma Rousseff.

O local defronte à sede da carceragem da Polícia Federal de Curitiba tornou-se um espaço cosmopolita. O manifestante que passa pelo acampamento considera Curitiba sua cidade, sua pátria, seu mundo. Isto por uma razão lógica, Lula é homem do mundo. Enquanto detido as manifestações não cessaram em Curitiba. Esta é a decisão dos acampados. Pois, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, realizada em maio, a maioria dos brasileiros acha que a condenação de Lula é injusta e pretende votar nele para futuro presidente. Assim, como os evangélicos manifestaram apoio ao movimento Lula Livre, no futuro outros certamente irão a Curitiba.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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