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Subsídios para a Festa da Epifania do Senhor

por João Carlos Romanini

Segundo Domingo do Natal 05/01/2020- Festa da Epifania do Senhor

Foto: Divulgação

SUBSÍDIOS EXEGÉTICOS PARA A LITURGIA DOMINICAL - ANO A

 

Segundo Domingo do Natal - Festa da Epifania do Senhor

Evangelho: Mt 2,1-12 

Primeira Leitura:  Is 60,1-6

Segunda Leitura:  Ef 3,2-3a.5-6

Salmo: 71,1-2.7-8.10-13.

 

Mt 2,1-12

O texto do evangelho que lemos hoje inicia com uma informação de lugar: Belém e de tempo: no tempo do rei Herodes governou a Judeia entre 44 a 4 a.C. Herodes era um representante romano, conhecido como hábil político e por suas crueldades. A semelhança de Mateus 2 com Ex 1,8–2,10 é gritante: o grande Herodes e toda Jerusalém temem o menino recém-nascido, tal como o faraó e todo o Egito, que temiam os recém-nascidos dos hebreus; Herodes trama a morte de crianças e repete a decisão assassina do Faraó.

Os magos do Oriente eram membros da classe sacerdotal persa, que servia ao soberano. Isso explica por que, ao chegarem à capital da Judeia, tenham se dirigido Herodes.

Propositalmente, o texto apresenta uma série de contrastes: o Rei Herodes e o rei dos judeus; a grande Jerusalém e a pequena aldeia de Belém; os magos vindos do Oriente e os sumos sacerdotes e escribas de Jerusalém; Herodes dizer querer prostra-se diante do menino, os magos efetivamente se prostram; os magos encontram o menino, Herodes não; os magos oferecem ao menino o que têm de mais precioso, Herodes oferece ao menino o que tem de pior; os tesouros dos magos são para a vida, o presente de Herodes é a morte. As autoridades de Jerusalém não perceberam o que os pagãos enxergaram: o nascimento do novo rei. Isso provoca uma ironia no texto: os pagãos vêm a Jerusalém anunciar o nascimento do messias salvador dos judeus.

Vimos sua estrela no Oriente: A estrela alude a Nm 24,17: Surgirá uma estrela de Jacó e surgirá um cetro em Israel. Por trás, está uma crença popular no mundo antigo, segundo a qual o surgimento de uma estrela é associado ao nascimento de um grande líder (político ou religioso): esta estrela iluminaria a criança por toda a vida; quanto mais poderosa uma pessoa, mais brilhante era sua estrela.

Em Mateus, a estrela não é apenas uma metáfora do Messias. Ela guia os magos e, assim, ela se torna sinal de Deus. A manifestação da estrela não é uma visão particular: ela está à vista de todos que querem enxergar no caso os pagãos. Então, a questão é: os habitantes de Jerusalém não viram a estrela, ou não quiseram ver?

Mas o curioso é que, quando os magos entram em Jerusalém, eles deixam de enxergar a estrela: ela só reaparece a eles quando saem do círculo do poder, quando abandonam seus velhos conceitos e as ideias seguras sobre onde está a verdade.

Os magos afirmam: viemos nos prostrar diante dele. O termo prostrar-se expressa, primeiramente, a fidelidade a Deus (Ex 20,5). Mas é também um termo politico: curvar-se ou prostrar-se é forma correta de cumprimentar um soberano. Os magos não se prostraram diante de Herodes, e sim diante de Jesus: isso indica qual rei eles reconhecem como legítimo.

O texto de Mateus também é rico em detalhes, e é necessário lê-lo em si mesmo, sem corrigi-lo com a versão de Lucas. No texto de Mateus, Jesus não nasce numa gruta nem está numa manjedoura, não há pastores nem anjos. Significa que o nascimento de Jesus ocorre numa pequena cidade, não no campo. E, mais ainda, que José e Maria estão em sua casa, isto é, não estão em viagem por causa de um recenseamento, como em Lucas.

Em Mateus, Jesus nasce numa casa e, nesta casa, os magos veem o menino e sua mãe. O texto não fala de José. Este novo detalhe pinta a seguinte cena: o rei, em seu trono, com a rainha-mãe, à sua direita (1Rs 2,19). Em outras palavras, esses três elementos: a casa, o menino e a mãe remetem ao cenário da monarquia, e os pagãos que chegam dizem explicitamente o objetivo de sua viagem: vieram prostrar-se diante do novo rei.

Os dons que trazem não são presentes para um recém-nascido. O gesto de prostrar-se e o tipo de presentes ouro, incenso e mirra, citados nesta exata ordem, têm a ver com o costume dos tempos antigos no Oriente: uma vez por ano ou, quando o novo rei assume o trono, os governantes dos povos dominados deveriam apresentar-se diante o soberano e prestar um juramento de submissão e fidelidade, bem como pagar tributos. Deste modo, cumpre-se a profecia da primeira leitura de hoje e do salmo responsorial.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCNA

Rua Tomas Edson, 212 – Bairro Santo Antônio – Porto Alegre RS

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Fone: 51-32 17 45 67     Whats: 51-991 07 26 40

 

Este texto pode ser compartilhado e reproduzido com a devida indicação dos autores.

 

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