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Subsidio para 4º Domingo do Tempo Comum

por João Romanini

Dia 30 de Janeiro de 2022 - Ano C

Foto: Divulgação

4º Domingo do Tempo Comum

Dia 30 de Janeiro de 2022

Primeira Leitura: Jr 1,4-5.17-19

Segunda Leitura: 1Cor 12,31-13,13

Salmo: 70,1-2.3-4a.5-6ab.15ab.17

 

O Evangelho

O Evangelho segundo Lucas é dedicado a uma pessoa física ou simbólica, chamada “Teófilo” (“quem ama Deus”; cf. Lc 1.1-4). A intencionalidade explÍcita deste Evangelho deixa evidente que foi organizado – respeitando a redação daqueles já escritos (Marcos e Mateus) – buscando evidenciar o que poderíamos chamar de “projeto de Deus em Cristo”. A partir de 4,16 o cenário é a Sinagoga Nazaré (onde Jesus cresceu, cf. 4,22). Ali Lucas abordará assuntos importantes para as pessoas cristãs que não eram provenientes do judaísmo (gentias ou gregas): quais as semelhanças e diferenças entre a Sinagoga – do tempo de Jesus - e o projeto de Deus? Quais os preconceitos e ódios que devem ser superados?

O texto em si

Esta passagem do Evangelho pode ser chamada de “sermão inaugural em Nazaré (4,16-30; 4,31-6,19) ”. A perícope se estende do versículo 16 até o 30. Veremos primeiro o conjunto (4,16-30) e, depois, os detalhes do trecho destacado pelo lecionário (4,21-30).

4,16-21 – A chegada na Sinagoga de Nazaré (v.16a) e o posicionamento litúrgico para “ler” (v.16b-17). A leitura em si (Is 61,1-3). O fechamento e entrega do livro (v.20) e o título do sermão, “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir” (v.21).

4,22-30 – A partir daqui Lucas começa a responder as perguntas feitas acima apontando para uma série de preconceitos a serem superados:

No v.22 – Preconceito de classe – Apesar de “todos” dar “testemunho” (emartúroun) e ficar “maravilhados” (ethaumazon) com as Palavras da Graça (logois tes caristos) que saiam da sua boca, explicitam o “preconceito de classe” sofrido por Jesus em Nazaré, presente nos outros Evangelhos Sinóticos (cf. Mc 6,3; Mt 13,54-56). Lucas, no entanto, não menciona a profissão de “carpinteiro”, menciona apenas “José”(o que já era sinal de exclusão na sociedade do Império Romano).

No v.23-24 – Preconceito de poder - Jesus começa citando uma frase “médico cura-te a ti mesmo”, usada para desqualificar sua ação político-terapêutica (cf. Mc 15,30; Mt 27,42a). Este tipo de preconceito tende a ver apenas o milagre (as curas feitas por Jesus) e não o sinal (que mostra o sentido do Projeto de Deus em Jesus; cf. Mc 8,11-12). Finalmente denuncia a perseguição contra os profetas que ameaçavam o poder político, o sistema econômico ou a hegemonia religiosa (cf. Mt 5, 11-12 e 13,57).

Nos vs. 25-28– Preconceito de étnico e religioso – A boa nova para as pessoas pobres, com que iniciava a leitura de Isaias (Lc 4,18a; cf. Is 61,1a) é ilustrada em relação a pessoas discriminadas por sua origem étnico-religiosa (Viúva de Serepta e Sírio Naamã). Estas pessoas foram, nas narrativas fundantes da profecia bíblica, exemplos de fé para o povo de Israel. Mas, a reação xenofóbica – ou racista, se transportada para nossa realidade – é imediata! E aqui está o centro desta parte do texto! A resposta a semelhança e diferença entre o Projeto de Deus em Cristo e a religião preconceituosa que exclui.

Nos v. 29 – O ódio e a exclusão dos preconceitos – A jornada que iniciou com Jesus tomando um lugar de destaque na Sinagoga (4,16), termina com Jesus expulso da sua cidade e linchado por seus irmãos de fé, tomados pelo ódio do preconceito.

No v.30 – A superação dos preconceitos – A frase simples “E passando por meio deles se foi”, é muito enfática no grego, com o uso consecutivo de “dia” (dielton/dia), dando ideia não apenas de “passar”, mas de “superar”, como uma páscoa, onde a preconceito e o ódio ficaram para trás. Agora o caminho está aberto para acolhes Teófilos e Teófilas.

Relacionando com as outras leituras

A vocação profética de Jeremias, mostra que é necessário enfrentar as injustiças e preconceitos sem medo. Quem assume a profecia que supera preconceitos (Jr 1,17-19). O belíssimo cântico ao amor de 1 Coríntios 13, nos mostra que a verdadeira religião, a fé do Projeto de Deus em Cristo, não pode negar o amor, nem deixar ninguém que ama Deus fora deste projeto. O amor se contrapõe diretamente a qualquer forma de ódio e preconceito.

 

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Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

www.subsidiosexegeticos.wordpress.com

 

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