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Subsídios exegéticos para a liturgia dominical - Ano A

por João Carlos Romanini

Para o Domingo dia 08/12/2019

Foto: Divulgação

2º DOMINGO DO ADVENTO – FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA  - 08/12/2019

Evangelho: Lc 1,26-38 

Primeira Leitura: Gn 3,9-15.20

Segunda Leitura: Ef 1,3-6.11-12

Salmo: 98,1.2-3a.3b-4

 

Lc 1,26-38

1 - Situando o texto

Mais do que uma crônica histórica, urge reler este texto como reflexão pós-pascal sobre a pessoa de Jesus Cristo. É cristologia e não história. Cabe a pergunta: pergunta, o que Lucas queria dizer aos seus fiéis. A presente perícope deve ser lida em relação com a perícope anterior: o nascimento do Batista (Lc 1,5-25):

No sexto mês da gravidez de Isabel o anjo é enviado a Maria. O sexto mês, lembra o sexto dia da criação (Gn 1,26-27). Agora começa a formação do homem novo. Inicia-se uma contraposição entre o AT e o NT. Entre a Judeia e a Galileia, entre Zacarias/Isabel e Maria, entre João Batista e Jesus:

  • João é anunciado no templo, promessa de Israel; Jesus é anunciado em Nazaré, terra sem promessa do AT.
  • João é anunciado no templo; Jesus é anunciado para uma jovem da periferia, em terra pouco ortodoxa.
  • João é anunciado para um sacerdote; Jesus é anunciado para uma virgem.
  • João é descendente de Aarão: sacerdote; Jesus é descendente de Davi, mas indiretamente, uma vez que José não é pai biológico.
  • João é filho de mãe estéril e idosa; Jesus é filho de jovem virgem.
  • João vem de pai descrente; Jesus vem de mãe, fiel à Palavra de Deus: “faça-se em mim” (Lc 1,38).

Maria, a virgem fiel representa o contrário do povo infiel do AT, ilustrado como a prostituta (Os 2,4ss; Jr 3,6-13; Ez 16). Maria é a imagem do novo povo que se forma na fé e na fidelidade. Zacarias é representante da oficialidade judaica, sem fé, cuja esposa é estéril. Maria é a total novidade que vem da periferia, onde Deus realiza seu plano nas pessoas de fé. Há, portanto, em Maria, uma ruptura com o antigo Israel. Ela é virgem. Sem concurso de homem a descendência de Davi é interrompida.

João recebe o Espírito Santo no ventre da mãe. Jesus é concebido pelo Espírito Santo.

Lucas mostra a superioridade de Jesus sobre João, pois nos anos 80, alguns batistas pensavam que João seria o messias. À luz da páscoa, Lucas põe em Jesus os títulos da fé que a igreja nos anos 80 professava: “grande”, “filho do Altíssimo”, “rei para sempre”, “santo”, “Filho de Deus” (Lc 1,32ss). Com isto Lucas mostra que em Jesus se realiza a grande novidade. Os planos de Deus se realizam. O que aconteceu no AT foi preparação. Jesus é a revelação máxima de Deus. Logo, nos relatos da infância Lucas coloca o fim do AT e o início do NT.

A saudação do anjo é uma retomada da profecia: “Alegra-te, Maria, eleita...” lembra a filha de Sião, representante do povo de Deus (Sf 3,14-15; Zc 9,9; Jl 2,21). O anúncio se baseia em Is 7,14; 9,5-6; 2Sm 7,14.16). Nos vv.32-33 está subjacente a divindade de Jesus, pois o adjetivo “grande” na Bíblia só se refere a Deus. Jesus é concebido pelo Espírito e pela sombra de Deus (Lc 1,35 cf. Ex 40,34-35), portanto, ele é o filho de Deus. Nele Deus está presente.

Concluindo, pode-se afirmar, Jesus veio ao mundo não pelas leis humanas (linhagem paterna), mas pela fé e disponibilidade de Maria. O próprio Jesus afirmará, mais tarde: minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs, são aqueles que ouvem as minhas palavras (Lc 9,19-21). Neste quesito, Maria é protótipo, mais do que ser mãe biológica, foi a que ouviu a palavra: “faça-se em mim...”.

 

2 – Relacionando com Gn 3,9-15.20:

Em Maria e em seu filho, encontra-se a superação do pecado que o homem e a mulher praticaram (Gn 3,9ss). A serpente, símbolo da autossuficiência, desviou o ser humano do projeto de Deus. Nesta situação Deus procurou o homem e a mulher por meio de seu Filho Jesus, pois Ele ama os seres humanos, mesmo quando estes pensam que podem se realizar longe Dele.

Em Maria, na porta do NT, ou ainda, como ela é entendida na comunidade lucana, dos anos 80, se cumprem todas as promessas de Deus para a humanidade, assim como ele o fez através de das Escrituras. Portanto, apesar do pecado, os seres humanos têm, agora a presença de Deus, todos os dias de sua vida.

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da

Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

 

ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA E ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA

Rua Tomas Edson, 212 – Bairro Santo Antônio – Porto Alegre RS

www.estef.edu.br   [email protected]   facebook.com/estef

Fone: 51-32 17 45 67

 

Este texto pode ser compartilhado e reproduzido com a devida indicação de seus autores.

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