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O modelo Mestre para a vida humana

Miguel Debiasi

O ser humano busca para si modelos de vida. Os modelos têm a função de responder às situações da vida e por eles chegar ao resultado máximo de realização. Todos os dias as pessoas são colocadas perante as exigências da decisão a favor ou contra a existência humana. Nessa condição humana é preciso olhar para um modelo que seja seguro para conduzir a vida de forma plena e responsável.

Qual o modelo de vida me inspira? das celebridades? dos atletas? dos influenciadores digitais? ou outro mais perene e eterno? No horizonte teológico é oferecido para todos os tempos e para todas as pessoas, Jesus Cristo como absoluto paradigma de vida. Na tradição bíblica, Jesus Cristo se apresenta como Caminho, Verdade e Vida (João 14,6). Esta apresentação de Jesus Cristo não se reduz a uma aceitação meramente intelectual e doutrinal. A dimensão maior de Jesus - o caminho, a verdade e a vida, passa por um relacionamento amoroso das pessoas com Ele.

Nos textos bíblicos, Jesus Cristo recebeu muitos títulos que definem sua natureza e seu valor para as pessoas. Nos quatro relatos do Evangelho, por quarenta vezes Jesus é chamado de mestre. As razões pelas quais o povo chama Jesus de mestre são muitas, mas todas relacionadas ao seu mistério divino e ao seu ensinamento. As ciências modernas discutem e questionam muitos elementos relacionados a Jesus, como seus atos históricos, sua descendência familiar e outros, mas numa coisa os estudiosos concordam: Ele foi o maior mestre de todos os tempos e gerações (Mateus 13,54). Até os guardas, os fariseus, seus adversários e opositores, confessaram de sua sabedoria e reconheceram como Mestre (João 7,46).

Há muitas passagens bíblicas que descrevem Jesus como mestre. Mateus narra que quando Jesus acabou de anunciar muitas coisas sobre o Reino, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque Ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da lei (Mateus 7,24-29). Seus ensinos atraíam pela sua autoridade com que falava e ensinava. A autoridade reconhecida em Jesus significava ter ouvido a própria palavra de Deus, o próprio ensinamento de Deus. O povo percebia um evidente tom de verdade em sua voz, um poder intrínseco transmitido pela sua presença e absoluta certeza que suas palavras eram inquestionáveis.

Jesus Cristo era o modelo que o povo de Israel empobrecido e dominado buscava para libertar suas vidas e para fortalecer suas esperanças que Deus jamais o abandonaria. Sentem que de sua boca só proferia as verdades. Jesus vivia aquilo que ensinava. Ele ensinava sobre todas as coisas, as virtudes da mansidão, humildade, perseverança, justiça, amor, solidariedade e indicava os bem-aventurados do Reino do Céus (Mateus 5,1-12). O mestre ensinava com um avental na cintura e com uma bacia de água lavando os pés dos discípulos(as) (João 13,1-15). Seu ensinamento está direcionado ao perdão, na hora que seus executores afligiam na cruz, ele pedia a Deus para perdoá-los e ainda os defendia, dizendo que eles nada sabiam do que estavam fazendo (Lucas 23,34). Para o povo que subia montanhas e corria para o encontro com o Mestre, em tudo que Ele dizia e fazia havia uma autoridade, uma verdade, um caminho inquestionável.

A imagem de Jesus Mestre marca profundamente os seus seguidores. O ensinamento de Jesus produz um modelo de discipulado e seus seguidores buscam figurar a vida Nele. Em seus ensinos, Jesus propõe um modelo de discipulado, como narra à história do camelo e do buraco da agulha (Lucas 18,25). Na ilustração do camelo e o buraco da agulha, o povo compreendeu que as oportunidades do homem rico entrar no reino eram poucas. Os ricos do mundo tendem sentir-se autossuficientes, mas para serem admitidos por Deus como salvos, precisam ser solidários com os mais necessitados. Por parábolas e por ilustrações o ensino de Cristo tem poder de transformar as mentes de seus seguidores e de abalar as estruturas do mundo deles e da sociedade.

Frente a tantos projetos humanos que ameaçam a vida das pessoas é possível reagir vivendo segundo os ensinamentos de Jesus Cristo que configuram uma vida verdadeira. A vida de comunhão com Deus é uma experiência de amor pela existência humana. Em todas as circunstâncias humanas, como do sofrimento causado pela pobreza, é preciso trabalhar para tornar as pessoas melhores e mais fortes a configurarem suas vidas em Deus (Salmo 22,2s). As orações e as súplicas dos doentes, dos empobrecidos, excluídos de nossa sociedade não deixam de ser clamores dos justos que voltam seu olhar a Deus, sua única esperança e fortaleza.

Os textos do Evangelho apresentam Jesus Cristo como modelo de vida. Talvez seja aquele modelo que as pessoas buscam para suas vidas e para transformar a sociedade. Admitir Jesus Cristo como modelo, obviamente, transforma a vida de seus seguidores. Estes, mudam suas concepções, mentalidades, ações e vidas. É viver como Jesus Cristo viveu neste mundo. É fazer o que Ele praticou. Ao seguidor de Jesus Cristo apresenta-se especialmente um olhar para as milhões de pessoas submetidas à pobreza, à miséria, ao abandono e à exclusão social, que são situações de humilhação dos filhos e filhas de Deus. O verdadeiro discípulo da atualidade vê que o sofrimento dos últimos da sociedade é produzido pelas estruturas sociais, políticas, econômicas. Tal realidade mostra que os ensinamentos de Jesus Cristo ainda não são praticados pelos cristãos com força de mudança social e conversão da humanidade.

Os cristãos não podem duvidar que Jesus Cristo fala continuamente por intermédio dos outros, de situações e por mais diversas formas. O discípulo de Jesus não se deixa seduzir pelas riquezas, poder e por modelos humanos famosos e célebres. Mas instruído pelos ensinamentos do Mestre revoluciona e corrige a sociedade em favor da vida e existência humana digna. Todo seguimento fiel ao ensino de Jesus Cristo intervém em favor dos mais sofredores e age na esperança de realizar o Reino dos céus em vida. Assim, corresponder ao Mestre que é o caminho – a verdade – e a vida, faz seus seguidores reagirem contra as situações de mortes.

Em nossa sociedade moderna modelos não faltam, na sua maioria ilusórios, passageiros e frugais.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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