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Acolher o Natal do Senhor

Miguel Debiasi

Muitas poderiam ser as definições do Natal do Senhor, pela significativa encarnação de Deus. As teologias jamais poderão desvendar a plenitude do mistério do Natal. No nascimento do Senhor está a promessa, o anunciado de Deus, mas em razão do mistério da encarnação divina, algo permanece indivisível à fé e à razão humana. Embora seja imensurável mistério divino, sábia é a atitude de acolhimento da encarnação do Filho de Deus.

Deus veio ao mundo através da frágil e mortal condição humana para estar entre nós. Ao manifestar-se na condição humana Deus fez de sua encarnação a melhor forma de se revelar às pessoas. A humanidade do Filho é uma ação que somente o Altíssimo poderia ter praticado, pelo seu amor incondicional às pessoas. Por conseguinte, João evangelista e apóstolo diz que “Deus é amor” e “aquele que não ama não o conhece” (1Jo 4,7-16). Nisto consiste a finalidade da encarnação de Deus, amar a humanidade.

Segundo João, o conhecimento do mistério de Deus só é possível pelo amor a Deus e ao próximo. O amor é a característica de Deus. João diz no livro do Apocalipse e nas três epístolas que o amor deve também ser a características dos filhos de Deus: “Se Deus assim amou, devemos, nós também, amar-nos uns aos outros” (1 Jo 4,11). O Salvador do mundo, o Filho enviado pelo Pai, manifestou esse amor: “Deus é Amor; aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (1 Jo 4,16). Em suma, Deus faz participar do amor todo aquele que crê que Jesus é o seu Filho.

Nesta compreensão teológica, o Natal do Senhor é o acontecimento do Deus Amor. É do amor que nasce a revelação e ação de Deus. Diz a canção “Natal é vida que nasce”. É preciso dizer que em Deus, a vida e tudo que existe nasce do amor. Também, segundo o autor do livro do Gênesis, a origem da humanidade e do mundo é fruto deste Deus Amor. O autor dedica o primeiro capítulo do livro para demonstrar que tudo o que Deus cria e realiza é bom: “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,1-31). Por conseguinte “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27). Ademais, “Deus os abençoou” (Gn 1,28). Precisamente, “à sua imagem” significa que o homem e mulher foram criados para participar da vida de Deus Amor.

Toda ação de Deus é rigorosamente determinada pelo seu amor. Seu Filho foi enviado ao mundo para selar esta aliança de amor com todos os homens e mulheres. Com efeito, o Natal do Senhor é o acontecimento que mudou a vida da Virgem Maria e de toda a humanidade. A jovem Maria soube acolher essa manifestação do Deus Amor que o anjo lhe anuncia: “Não temas, Maria! Encontrastes graça junto de Deus” (Lc 1,30). As palavras do anjo “encontrastes graça junto a Deus”, significam que Maria está repleta de amor de Deus. Deus derramou nela o seu amor. É na força deste amor que Maria responde positivamente a Deus dizendo: “Eu sou a serva do Senhor; faça em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Logo, as narrativas bíblicas apresentam o Natal do Senhor como o acontecimento do Deus Amor, como Maria souber escutar e acolher. Hoje, é impossível celebrar o Natal do Senhor sem abrir o coração, a mente, o sentimento a este Deus Amor. Pelo amor a Deus é novamente possível acolher o Natal do Senhor. Quanto mais o ser humano se identifica neste Deus Amor, mais o Natal do Senhor torna-se real. Ao abrir-se a este Deus amor supera-se o ódio, a intolerância, a discriminação e mostra-se que é possível acolher o Natal do Senhor.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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