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A sua revolução libertadora

Miguel Debiasi

Palavra muito pronunciada em nosso tempo é revolução. Usa-se o termo para expressar opiniões e situações diferenciadas, cenários históricos e outros. A linguagem expressa o que o ser humano pensa e exprime sua compreensão que procede diretamente do tempo e da realidade da vida. Considera na maioria das vezes a revolução como caminho e saída para sua vida. Assim, perguntamos: qual a revolução a fazer?

O conceito de revolução é muito amplo. Historicamente o termo revolução está relacionado à violenta e rápida destruição de um regime político, ou mudança radical de qualquer situação cultural. No campo cultural fala-se da revolução filosófica, algo que remete ao conhecimento. Para os filósofos racionalistas como Platão, Descartes, Leibniz e Espiona, todo conhecimento provém da razão. Já para os filósofos empiristas como Aristóteles, Hobbes, Locke, Berkeley e Hume, somente os dados da experiência sensível fornecem as bases para o conhecimento humano. Essas ideias são uma revolução para os filósofos.

No conhecimento científico há a chamada Revolução Copernicana, iniciada pelo trabalho do astrônomo e cônego polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), ao propor um modelo heliocêntrico com dados e informações bem desenvolvidas. Batizada com o nome do criador a revolução copernicana descreve a profunda transformação na concepção do universo, ocorrida no início da Idade Moderna, com a proposição de um sistema planetário heliocêntrico – centrado no sol, da palavra grega para Sol – helios em lugar do modelo geocêntrico – centrado na Terra, da palavra grega para Terra, geo. Muitos séculos antes a ideia de um universo heliocêntrico já havia sido apresentada pelo astrônomo e matemático grego Aristarco de Samos (310 a. C. – 230 a.C.), que não foi aceita pelos seus contemporâneos. A teoria de Copérnico ganhou substância verídica pela sua adequada fundamentação matemática e ao progresso científico subsequente.

No campo político são muitas as revoluções. A Revolução Inglesa ocorreu entre 1641 a 1649, foi uma guerra civil, culminando com a execução do Rei Carlos I, dando início à República de Cromwell. Na história da Inglaterra é também reconhecida como revolução o processo pacífico que causou a queda de Jaime II Stuart e ascensão do trono de Guilherme III de Orange. A Revolução Francesa ocorrida entre 1789 a 1799 pôs fim ao regime absolutista motivada pelos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade.

A Revolução Cubana nasceu de um conflito armado onde o líder Fulgêncio Batista que foi removido do poder em 1959, pela intervenção do movimento liderado por Fidel Castro. A grande liderança da revolução foi Che Guevara, que se integrou ao Exército Rebelde de Castro. A Revolução Russa de 1905 foi motivada por um conjunto de motins e rebeliões contra o Czarismo, que estava enfraquecido depois da derrota da Rússia na guerra contra o Japão. O fato motivador da Revolução foram às mortes do Domingo Vermelho, que uniu a oposição em 1917 e que culminou com o fim do regime Czarista e na introdução de um regime comunista.

A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi uma rebelião regional contra o governo imperial do Brasil. Fato que ocorreu entre 1835 a 1845 no sul do Brasil, que culminou na independência da província de São Pedro do Rio Grande do Sul. A Revolução de 1930 foi um movimento revolucionário no Brasil, que tirou do poder o presidente da República Washington Luís Prestes entregando o poder para Getúlio Vargas.

A Revolução Chinesa aconteceu entre 1949 a 1962 liderada por Mao Tse-tung, quando o comunismo chegou ao poder foram tomadas medidas como a nacionalização de empresas estrangeiras, coletivização das terras e passou existir um controle do Estado sobre a economia. Uma das marcas desse período na China foi a Revolução Cultural, em processo que iniciou em 1963 que potencializou a cultura para instaurar a revolução permanente.

Há a Revolução Industrial que corresponde ao processo de industrialização iniciado na segunda metade do século XVII no Reino Unido. Esta revolução ocorreu pela utilização das máquinas na indústria e foi potenciada com a invenção da máquina a vapor. A estrutura do trabalho foi alterada, em muitos casos os artesãos eram substituídos por operários de fábricas. A Segunda Revolução Industrial foi causada pela introdução da eletricidade, do petróleo e dos motores de combustão. A Terceira Revolução Industrial está relacionada pelo avanço eletrônico de dados e utilização da informática e robótica nos processos industriais.

A história está repleta de revoluções, como as artísticas, literárias, morais e outras. Normalmente, ao empregar o termo revolução visa-se descrever e ressaltar a importância da mudança ocorrida, sendo um fato histórico de determinados países. O termo revolução pode ser aplicado em muitas e diferentes áreas. A palavra com origem no latim revolutione, significa ato ou efeito de revolver ou revolucionar. É preciso pensar na revolução a que as pessoas se referem no cotidiano, muitas requeridas para desvencilhar-se das amarras sociais, das instabilidades das coisas, das situações de escassez, desemprego, pobreza, dos conflitos familiares e outros.

Em tempo em que as mudanças são rápidas, para acompanhar esse processo as pessoas sentem a necessidade de fazer revoluções em suas vidas. Quando evocam a revolução querem alcançar um estágio de vida melhor, digno e como aquele que Jesus propõe: ter a vida em abundância (João 10,10). Como a palavra revolução mesmo diz: voltar-se para uma nova direção. Essa necessidade está dita por Jesus que convida a multidão sofrida voltar-se para nova direção: “vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Marcos 11,28).

As contínuas revoluções culturais, políticas, sociais e econômicas que são profundas transformações, nos obrigam a fazer a revolução pessoal, mas esta imprescindivelmente precisa ser libertadora. Haveria assim, no ser humano moderno adulto plenamente consciente, uma redefinição da perspectiva do mundo, uma reviravolta capaz de eliminar a fome, a miséria, a desigualdade social-econômica e outros males. Esta seria a revolução libertadora que milhões de pessoas pelo mundo evocam diariamente.  

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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