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“O Processo” – o Vencedor!

Miguel Debiasi

 

Há muitas formas de entretenimento, entre as mais concorridas estão os filmes. Há de se reconhecer que houve época em que os espectadores formavam grandes filas em frente às salas de cinema para assistir um filme. Ainda que a procura pelas salas de cinema tenha diminuído com o surgimento da TV a cabo, Net, etc., assistir um bom filme continua sendo o sonho de todos. Embora não seja do conhecimento do grande público, o documentário “O processo” foi um dos filmes premiados  numa mostra paralela do Festival de Berlim..

Em nosso país, sobre o golpe parlamentar de 2016, foram produzidos dois filmes, os quais apresentam suas análises da situação política criada com o impedimento do mandato da presidente Dilma Rousseff. Como não poderia ser diferente, os filmes tem dois lados ideológicos. “A lei é para todos” procura retratar a versão dos fatos políticos a partir da ideologia do sistema como a atuação da Polícia Federal na Operação Lava Jato. As críticas dirigidas ao filme não são pela sua péssima qualidade cinematográfica, mas devido à sua parcialidade quanto ao trabalho da Polícia Federal no combate `a corrupção do país. Também paira suspeita sobre o empenho de recursos públicos para financiar a produção do filme que custou 16 milhões de reais e quanto a sua divulgação midiática. O filme é dirigido por Marcelo Antunez, produzido por Tomislay Blazic e estrelado por vários atores da Rede Globo, entre eles Antônio Calloni.

Sob outro foco ideológico, o documentário “O Processo” narra os bastidores da conspiração de políticos corruptos que articularam a cassação da presidente Dilma Rousseff. É uma produção de Maria Augusta Ramos, feito com base em mais de 400 horas de material e com duração de 137 minutos. Feito sem narração e entrevistas, procura passar a exata e real versão do acontecido na cassação da presidente Dilma Rousseff. Apresenta toda a tramitação do processo de cassação no Senado e a votação na Câmara, e bastidores da defesa da presidente. A crítica ao filme é quanto a sua produção cinematográfica como os cortes, interrupções e sonorização. .

Os filmes foram produzidos no Brasil dentro do mesmo contexto mas com versões diferentes. Com isso, atingem públicos ideologicamente bem diferenciados. Em razão disto, “A lei é para todos”, com versão da ideologia do sistema dominante, tem despertado pouco interesse na população brasileira. Em sua estreia o público ficou abaixo do esperado. Em contrapartida, “O Processo” está tendo maior público e ficou em terceiro lugar na escolha do público entre os documentários da "Panorama", principal mostra paralela do 68º Festival de Berlim. A premiação aconteceu em 24 de fevereiro. Na cerimônia de premiação a diretora Maria Augusta Ramos disse: “É uma das minhas maiores realizações como diretora. E é muito relevante também pelo filme ser sobre um episódio histórico do Brasil e estar sendo compreendido por audiências de outras latitudes”.

Em contexto nacional de divisão política entre esquerda e direita, a situação é fortalecida ideologicamente pelo golpe parlamentar de 2016, e as reações não podiam ser diferentes com respeito à premiação de “O Processo” e o fracasso do filme “A lei é para todos”. De certa maneira, “O Processo” ao obter a premiação internacional é a vitória da verdadeira e real versão do acontecido no Brasil. Em razão disto não faltaram manifestações de reconhecimento vindas do campo político e da imprensa internacional. O reconhecimento ao documentário significa que o mundo toma conhecimento da situação política do Brasil. Por conseguinte, a real versão dos fatos é exposta ao conhecimento da população mundial.

No campo da disputa política, a Deputada Federal Erika Kokay (PT-DF) ironizou o filme “A lei é para todos” dizendo “não foi selecionado nem pra festival de minifestoches”. Sejam quais forem as opiniões do público, certo é que “O Processo” conseguiu mostrar ao mundo aquilo que a grande imprensa e mídia brasileira procuram esconder, que o Brasil teve o golpe e vive um estado de exceção ou ditadura.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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