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Viva São Pedro, Santo Antônio e São João!

Vanildo Luiz Zugno

 

Junho é o mês das festas dos santos do povo. Começa com Santo Antônio, passa por São João e termina com São Pedro.

Santo Antônio é o casamenteiro. Arruma namorada para o pior dos encalhados. Para outros, é o “pão dos pobres”, aquele que convida a partilhar o pouco que temos com os que menos ainda têm. João Batista é o profeta. Ele anuncia uma sociedade de justiça onde os poderosos terão que prestar contas de suas prepotências. Ele prepara o caminho e batiza o Messias que veio realizar a justiça para os pobres.

São Pedro, o último a ser celebrado, é o braço direito de Jesus aqui na terra. No céu, ele tem as chaves da porta e controla quem entra e quem fica de fora. É o líder, o chefe. E talvez por isso sua figura não seja tão popular como a dos outros dois. Aliás, até nos evangelhos sua fama é duvidosa. Jesus o chama de Satanás quando o discípulo quer que ele seja um chefe poderoso que vai esmagar os opressores judeus e romanos. O Mestre o repreende por ter tomado a espada e cortado a orelha de um escravo do Sumo Sacerdote e o adverte de que todos os que lançam mão da espada pela espada morrerão! Na hora do lava-pés, Pedro se recusa a entrar na fila e deixar-se lavar. No dia da prisão, nega três vezes conhecer o nazareno. Depois da ressurreição, Jesus lhe pergunta se é capaz de dar a vida por ele. Pedro titubeia e Jesus tem que repetir a pergunta três vezes.

Perguntamo-nos então: quando foi que Pedro mudou a ponto de se tornar a liderança da comunidade? Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, foi a experiência da prisão que levou Pedro à mudança. Ele sempre pensou a liderança como um exercício do poder. Olhava para cima e pensava em como chegar ao alto. Ao passar pela cadeia, experimentou que o verdadeiro poder só se alcança quando se desce até os últimos da sociedade. Foi convencido a deixar de sonhar com o principado e passar a pensar nos humilhados. Foi isso que aconteceu com Jesus. Pedro, ao passar pela cadeia, assumiu essa forma de liderança.

É uma experiência que se repetiu com Francisco de Assis, Mahatma Ghandi, Martim Luther King, Nelson Mandela, Dom Hélder Câmara, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e outros tantos e tantas que fizeram suas as dores, sofrimentos e prisões dos leprosos, dos párias, dos segregados, discriminados e empobrecidos da sociedade.

O Papa Francisco, atual sucessor de Pedro no serviço à Igreja, lembra que a verdadeira liderança precisa se despir não apenas das roupas de príncipe, mas da “psicologia de príncipe”. Uma conversão difícil que implica em mudar de lugar social e eclesial: sair dos palácios e misturar-se ao povo nas festas da esperança da volta da fogueira que aquece a convivência dos pequenos e humilhados. Mas uma conversão possível e necessária para uma nova humanidade que possa viver a alegria da festa da vida.

Sobre o autor

Vanildo Luiz Zugno

Frade Menor Capuchinho na Província do Rio Grande do Sul. Graduado em Filosofia (UCPEL - Pelotas), Mestre (Université Catholique de Lyon) e Doutor em Teologia (Faculdades EST - São Leopoldo). Professor na ESTEF - Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (Porto Alegre)."

 

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