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Afirmação global do bloco, qual?

Miguel Debiasi

No século XX após duas Guerras Mundiais que vitimaram 110 milhões de pessoas e deixaram cerca de 50 milhões de soldados feridos, consideradas o maior conflito mortífero da história da humanidade, iniciou-se a formação dos blocos econômicos. Com o objetivo de granjear influência econômica no cenário internacional por meio da política de cooperação regional. Hoje são muitos blocos que disputam com estratégias de afirmação global.

Na história da formação dos blocos econômicos, um dos primeiros foi a União Europeia (UE), criada em 1957 com o Tratado de Roma. Inicialmente a União Europeia visava fortalecer os laços políticos e a integração econômica entre seus países membros e evitar conflitos e promover o desenvolvimento mútuo. O bloco expandiu seu mercado econômico, ideias políticas, sociais e ambientais, tornando-se um dos mais influentes do mundo.

Em 1991 constituiu-se o bloco chamado Mercado Comum do Sul (Mercosul), composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Atualmente faz parte a Venezuela e conta com o apoio dos Estados Associados, sendo a Bolívia, em processo de adesão ao Mercosul, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname. Além do objetivo de firmar parceria econômica entre os membros visa, sobretudo, fortalecer a política econômica frente ao cenário global. 

Os países dos Estados Unidos, México e Canadá constituíram o bloco chamado USMCA que entrou em vigor em julho de 2020, substituindo o NAFTA. A mudança de nome visa fortalecer a política econômica do bloco em empenhada incluir novas regras para o comércio digital, proteção de propriedade intelectual, trabalho, meio ambiente e comércio de produtos automotivos. A USMCA buscou reduzir a burocracia e barreiras comerciais, incentivando a exportação e investimento em áreas e países estratégicos.

Outro poderoso bloco é APEC – sigla para designar Asia-Pacific Economic Cooperation, que pode ser traduzido como Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico. O bloco engloba 21 nações e entre elas, estão países da Ásia, Oceania, América do Norte, América Central e América do Sul. Principal objetivo é firmar comércio em grande escala econômica.

O bloco CEI - sigla para designar Comunidade dos Estados Independentes, reúne a maioria das repúblicas que eram membros da União Soviética. O principal objetivo do bloco é criar um sistema de defesa econômica entre as nações da antiga União Soviética.

O bloco ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático, criado em 1967. O bloco é constituído pelos países do Sudeste Asiático com o objetivo central de desenvolver a região no setor social e econômico. O grupo promoveu estabilidade política na região, desenvolveu a agricultura e o setor industrial e fomentou o investimento em educação. Entre os países destaca-se Tailândia, Vietnã, Filipinas e Cingapura.

A OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Seu objetivo é defender os interesses dos países produtores e exportadores de petróleo. Entre os países destacam-se, principalmente, os do Oriente Médio, entraram para o bloco a Venezuela, Angola, Guiné Equatorial e a Rússia, que culminou na criação da OPEP+. Os países membros são responsáveis por 79,4% das reservas mundiais de petróleo e por ditar os rumos da produção e do preço do barril.

Tigres Asiáticos – criado na década de 1970, o bloco é composto por países como Hong Kong, Cingapura e Taiwan. O bloco foca na captação de investimento estrangeiro para financiar os projetos de exportações e os países membros cresceram significativamente durante o século XXI, acelerando o processo de desenvolvimento do setor industrial e tecnológico. Nas últimas décadas o crescimento do PIB do bloco é 6% ao ano.

Comunidade Andina de Nações, bloco econômico formado em 1969 por países da América do Sul, para alcançar um desenvolvimento abrangente, equilibrado e autônomo por meio da integração andina. A CAN é composta por quatro países: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, bloco fundado em 1992 e composto por 16 países da região sul do continente africano: África do Sul, Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo, Eswatini (Suazilândia), Ilhas Maurício, Lesoto, Madagascar, Malauí, Moçambique, Namíbia, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. A SADC é uma importante organização regional, que busca garantir o bem-estar econômico e social dos países membros, através da integração econômica e da cooperação em áreas como a agricultura, pesca, turismo, energia, ciência e tecnologia, entre outras.

Um bloco que vem se destacando no cenário mundial é o BRICS. O nome é dado a um grupo de países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto. A partir de 2024, seis novas economias nacionais emergentes foram convidadas a fazer parte do BRICS: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. O BRICS não é um bloco econômico propriamente dito, mas sim um mecanismo internacional de atuação das principais economias emergentes do mundo atual. Uma preocupação do BRICS é aliar o aperfeiçoamento de seu parque industrial e de suas atividades econômicas com o desenvolvimento sustentável.

Em síntese, os blocos econômicos foram se constituindo como uma resposta à necessidade de cooperação e fortalecimento mútuo entre as nações. No percurso histórico os blocos desempenharam um papel importante na promoção do comércio, do crescimento econômico e da estabilidade regional. Estes blocos evoluíram e se tornaram importantes atores no cenário internacional, moldando as relações econômicas e políticas entre os países.

A história e o desenvolvimento dos países dependeram das estratégias das políticas destes blocos, porém, cada um com sua primeira preocupação, obviamente, salvar o dele competindo com os outros. Resta-nos torcer que todos tenham sucesso, para que todos os países independentes de suas regiões e continentes alcancem o desenvolvimento econômico sustentável e humano digno para suas populações.  

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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