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Um exemplo de solidariedade e humanidade

Miguel Debiasi

Num mundo redondamente capitalista tudo o que não for dos interesses econômicos neoliberais, é ignorado pela impressa. O boicote da impressa as belas iniciativas dos países socialistas é uma postura ideológica de submissão ao império do capitalismo, hoje, de domínio norte-americano. No entanto, nas situações mais trágicas da humanidade países socialistas periféricos fazem a diferença, praticando uma solidariedade humanitária interacional.

 

No dia 19 de março, um navio britânico com viajantes infectados foi acolhido por Cuba, após ser rejeitado em outras nações e passar vários dias no mar. Cuba foi a única nação que aceitou o pedido e adotou de imediato as medidas sanitárias para atendimento dos passageiros e tripulantes. O Ministério de Relações Exteriores de Cuba, em nota ressaltou que a crise global pede ações cooperativas entre as nações: “são tempos de solidariedade, de entender a saúde como um direito humano, de reforçar a cooperação internacional para enfrentar nossos desafios comuns, valores que são inerentes à prática humanística da Revolução e de nosso povo”.

 

O fato de Cuba ter acolhido um navio de pessoas infectadas pela COVID-19, nos leva a perguntar: porque um país como Cuba a décadas boicotado pela política econômica neoliberal dos EUA, é capaz de um gesto e uma atitude de solidariedade planetária? Algumas considerações possíveis. A primeira, o sistema socialista proporciona a todos seus cidadãos uma educação e formação voltada para a cidadania, bens coletivos e valores comuns. A segunda, para o socialismo a solidariedade e fraternidade são elementos inerentes a atividade política, cultural e social dos cidadãos. Terceiro, o socialismo considera que a humanidade pense em um projeto de economia com base na distribuição de renda e de justiça social.

 

O fato é, que para o governo cubano e de outro país socialista, as ações de solidariedade é tratada como um princípio humanitário. Segundo o embaixador Pedro Monzón, em conversa ao jornal Brasil de Fato, disse que Cuba tem praticado solidariedade universal não só no caso do coronavírus, mas em todas as situações extremas como terremotos, tempestades e grandes tragédias físicas. Pois, Cuba considera que a medicina não é um fenômeno mercantil. O enfermo não é uma mercadoria. A saúde pública é um direito humano, não pode ser um fenômeno de mercado. É uma questão de princípios, seres humanos tem direitos a dignidade. Isso independe da política. É princípio fundamental para haver transformação humana, econômica e social. Cuba não despreza o mercado. O mercado precisa existir, mas a política não pode se mover em função dele, conclui o embaixador cubano.

 

Com isso, compreende-se o ato do governo e do povo cubano em socorrer países infectados pelo coronavírus. Desde o início da pandemia da COVID-19, delegações técnicas cubanas especializadas partem para outros países com objetivo de ajuda humanitária. As delegações de médicos cubanos socorreram os países da América, Europa e Asiáticos, como a China. A maioria destes médicos cubanos são profissionais com expertise em missões e que já estiveram em ações solidárias e de socorro em mais de 160 países. Em 56 anos, Cuba já enviou mais de 400 mil agentes de saúde para países estrangeiros com a missão de ajuda humanitária internacional.

O governo de Jair Bolsonaro expulsou os profissionais cubanos ao banir o programa Mais Médicos. Pior, baniu os profissionais cubanos num gesto nada diplomático, mas de forma ameaçadora, com declarações ofensivas, com mentiras de denominá-los de terroristas, escravos, expondo-os ao ódio da política fascista. Ao expulsar os cubanos, excelentes profissionais da saúde, também negou-se em aceitar 21 medicamentos fabricados em Cuba, oferecidos gratuitamente a Anvisa. São antivirais, antiarrítmicos e antibióticos, para o tratamento de doenças como o câncer, Aids, Covid-19 e outras. Em suma, o bloqueio econômico e político ao país de Cuba revela uma triste realidade, o governo brasileiro trata a saúde pública uma questão de mercado. Fato é, dois ministros da saúde já pediram demissão por discordar da forma como Jair Bolsonaro enfrenta a pandemia da covid-19.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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