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Todo golpe tem mãos corruptas

Miguel Debiasi

O golpe na presidente Dilma Rousseff e na democracia produzirá muitas páginas de lamento que entrarão para os anais da história brasileira. A ruptura social, política, jurídica, econômica e moral provocada com o golpe jamais serão sanadas. Porque por detrás do golpe sempre tem as mãos corruptas. Jamais os honestos e os justos promovem uma ruptura social e política como o golpe.

A prova que corruptores não suportam pessoas honestas e íntegras se confirmou no período pós-golpe. O honesto procede e se enquadra dentro das leis e normas éticas estabelecidas pela coletividade. O próprio termo honestidade é um substantivo derivado da palavra latina honos que significa dignidade e honra. Por sua vez, o corrupto não sabe o que é dignidade e honra, sobretudo pública e coletiva. O honesto faz questão de manter sua dignidade e honra sob qualquer sacrifício. Já o corrupto pensa que algo a mais pode ser seu, por isso, subtrai dos outros em próprio benefício. A diferença entre o honesto e o corrupto é como a da noite para o dia. Um age às claras e outro procura esconder seu agir.

Infelizmente mais um golpe entra para a história do Brasil, promovido por pessoas corrompidas. O mais vergonhoso é ver pessoas corruptas que continuam mandando no Brasil, fazendo leis e legislando em causa própria à luz do dia. Como é lógico, na história do Brasil o golpe nunca é dado por uma pessoa, um partido, um poder, um desejo popular, mas vem de muitas forças corruptas articuladas. O golpe de 2016 teve uma grande articulação nacional, movimentos sociais financiados por partidos políticos, empresários, grupos midiáticos e internacionais. Muitos brasileiros que foram à rua com camisas do Brasil e com a bandeira nacional hoje se sentem enganados com justa indignação. Só não sabiam que detrás do golpe existem as mãos corruptas.

Com as delações de corruptos no período pós-golpe, impressiona como se desmanchou no ar o sistema democrático brasileiro e as instituições públicas. Muitos foram os personagens, grupos, empresas, autoridades, instituições, organizações pró-impeachment. Hoje, corruptos sob investigação da Polícia Federal contam a respeito do sistema de compra de parlamentares em conluio com os grupos midiáticos, da quantia e do montante de dinheiro distribuído para compra de votos de deputados pró-impeachment. Por sua vez, o bate boca entre os agentes do Ministério Público e os prêmios oferecidos aos delatores corruptos expõem o Brasil perante a comunidade internacional ao mais baixo nível de degradação das instituições públicas e da moral.

O mais deprimente é assistir as instituições públicas envolvidas com o golpe parlamentar de 2016 perderem toda credibilidade perante os cidadãos. Como se não bastasse, corruptos continuam governando e fazendo leis sacrificando o povo do Brasil. Com indignação assistem-se diariamente desvios de finalidade das instituições e dos homens públicos. Com a precarização da autoridade e fim do Estado democrático quem manda no Brasil é o poder e o interesse econômico. Para aqueles que detêm o controle econômico, não importa se corruptos governam e controlam as instituições públicas, aproveitam-se para subtrair do patrimônio nacional em seus benefícios. O resultado do golpe foi o favorecimento das mãos corruptas que na nação não são

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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