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“Mesmo padres têm medo” (II)

Miguel Debiasi

 

            Em continuidade à reflexão sobre a matéria divulgada pela rede BBC News em Roma, no dia 26 de outubro de 2016, a qual abordava o exorcismo, é preciso dizer que nem sempre é possível saber as causas do mal. Tampouco saber das relações entre o físico, o psicológico e o espiritual. Conforme constatou a pesquisa da Universidade Regina Apostolorum, de Roma, em contexto no qual aumenta o mal será preciso muito discernimento para sua superação, sem taxar as pessoas de endemoninhadas.

 

            Atualmente veem-se igrejas, movimentos e agentes religiosos que se ocupam do Evangelho e da fé das pessoas para a prática da “cura e libertação”. Lamentavelmente isto tem causado uma enorme confusão psicológica e espiritual nas pessoas. Em muitas situações pessoas aflitas por tantas dificuldades são tratadas como se estivessem possuídas por demônios. Sabe-se de caso que as pessoas foram até agredidas fisicamente na tentativa de se expulsar um demônio. Na realidade as pessoas estavam com problemas de saúde, sofriam ataques epilépticos, desmaios, tonturas, etc. Existem práticas estranhas em muitas denominações e movimentos religiosos que em nome de Deus humilham as pessoas. Além disso, esses agentes religiosos, para demonstrar seu "poder" sobre os espíritos malignos usam gritarias e outros métodos de zombar do "diabo, demônio", etc. Tal prática indiscutivelmente gera confusão psicológica e espiritual nas pessoas e impede o crescimento da fé.

 

            A Igreja Católica tem usado a prudência e pede absoluta comprovação científica nesses casos, para posteriormente consultar uma autoridade no assunto e preservar a pessoa atormentada pelo mal. Segundo a doutrina católica somente pelo conhecimento de Cristo e de seu poder é possível que as pessoas superem seus males ou dos espíritos malignos (Mc 1.25-27). E, portanto, reconhece somente em seus discípulos esta autoridade (Mt 10,1; Mc 6.7). A conclusão de tudo isto, primeiro, é que sem essa autoridade não devem tentar expulsar nenhum demônio. Segundo, porque o poder de Jesus sobre os demônios demanda uma profunda confiança da pessoa no poder de Cristo. Terceiro, diante de uma pessoa que sofre suas tormentas não deve haver a vanglória, o prestígio, mas sim a fé em Cristo e o amor ao sofredor, oprimido. Quarto, pelas redes sociais está em voga o diálogo com os demônios, mas a postura de Jesus era justamente ao contrário, mandava que se calassem (Mc 1,25-34). Quinto, o mal sempre tem suas armadilhas, mas nem por isso os padres têm medo como deixa subentendido a reportagem da BBC. Sexto, nada disso pode ser devidamente entendido sem olhar para a experiência de Jesus no deserto. As tentações ou espírito maligno nos ensinam que para superá-los é preciso uma intimidade com o Pai. Então, a oração dirigida a Deus Pai é a maior força para superar seus males, inclusive o medo.

 

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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