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“Mesmo padres têm medo” (I)

Miguel Debiasi

            No dia 26 de outubro do ano passado foi divulgada pela rede BBC News, de Roma, uma matéria sobre o exorcismo, com o título: "Mesmo padres têm medo". A matéria tratava da dificuldade de um exorcista veterano para encontrar sucessores. A reportagem provocou muitos comentários via redes sociais. Contudo, o problema não é a prática do exorcismo, mas o mal que precisa ser superado.

            Conforme declaração em março de 2016 da Universidade Regina Apostolorum, de Roma, “o número de exorcismos aumentou nestes últimos anos”. Segundo a declaração o aumento se “deve pelo uso indevido da internet e à divulgação de páginas relacionadas ao satanismo”.

            A palavra exorcismo deriva do grego exorkizein, que significa "unir por juramento ou desalojar espíritos". Em latim exorcismu designa o ritual executado por uma pessoa devidamente autorizada para expulsar espíritos malignos ou demônios de outra pessoa que está num estado de possessão demoníaca. A pessoa afligida ou possuída pelo mal pode manifestar certos tipos de agressividade, fúria, ódio, além da xenolalia, falar em línguas estranhas. Esta manifestação violenta é uma aversão à bondade, mansidão e docilidade de Deus.

            Ao ver da doutrina católica este tipo de manifestação violenta é fruto da manipulação mental, do transtorno psicológico, do abuso de substâncias tóxicas, álcool, drogas e da má conduta moral. Outras teorias afirmam que pessoas até em situações de vulnerabilidade psicológica poderiam estar mais suscetíveis ao espírito do mal. É verdade que para combater esses males o exorcista usa o crucifixo, água benta, imposição das mãos, queima de velas e invoca o poder de Deus.

            Sem dúvida no cristianismo o exorcismo está associado ao mal e ao processo de libertação, superado pela oração e pelo poder de Deus. Na Bíblia são narrados muitos fatos de cura e libertação dos espíritos impuros que atormentavam as pessoas. Jesus em seu ministério de anunciar a Boa Nova do Reino expulsava os demônios e curava as pessoas. Um caso muito conhecido é o da vara de porcos que disparam e atiram-se em um precipício. Na verdade, a ideia do exorcismo está presente em todas as tradições culturais, nas igrejas evangélicas, no espiritismo. Em algumas seitas afro-brasileiras como umbanda e candomblé, os fenômenos da possessão existem, sendo superados apenas por algum médium.

            Antes de tudo é bom saber que Jesus, bem como seus apóstolos, nunca realizou o exorcismo. Jesus curava as pessoas pelo seu próprio poder sobre o mal. A superação do mal é um sinal que o Reino de Deus está sendo implantado, como aponta Jesus: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28). Leia na próxima crônica a continuidade da reflexão.

 

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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