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A reconstrução da esperança social

Miguel Debiasi

O progresso material que acontece no percurso da história tem contribuído para o desenvolvimento humano. É ético a história da civilização crescer para o bem de todos humanos, proporcionando crescimento nos conhecimentos em geral, desenvolvimento integrado ao ecossistema e tornado a vida mais digna, justa e humana. Almejando esse progresso histórico procede um sereno discernimento sociopolítico dos brasileiros para combater a maior desigualdade socioeconômica do Brasil. Um discernimento aponto de eleger representantes políticos em 2022 a realizarem uma bem-aventurança a esperança social, comprometida e identificada como “amor social” proposto por Jesus de Nazaré (Mateus 5,1-12).  

A proposta do Evangelho ajuda o ser humano contemporâneo a construir uma civilização mais voltada para o amor, adepta ao princípio ético do bem comum e de aceitar a ideia do desenvolvimento em geral extensivo a todos. A Igreja do Concílio do Vaticano II (1962-1965) através da Constituição Pastoral Gaudium et spes (A alegria e esperança), diz que o ser humano está em busca de conhecer melhor o significado de sua vida, das atividades temporais e da morte. Hoje, vendo a humanidade exposta ao coronavírus, responder a projeção de um futuro menos doloroso revela-se uma árdua tarefa da civilização mundial. Ademais, muitos fenômenos políticos denunciam que os “esforços” internacionais priorizam os interesses econômicos de corporações privadas, sobrepondo-se a vida de bilhões de seres humanos desamparados. Ao mesmo tempo, autoridades e governantes tem consciência que os direitos a vida são invioláveis e universais, e estes quando assegurados há desenvolvimento humano e paz social para toda humanidade.

O Concílio Vaticano II indicou que a missão da Igreja no mundo contemporâneo consiste em ajudar a cada ser humano a descobrir o significado de sua existência e que este possa responder as aspirações profundas por uma civilização mais justa e mais humana. O Evangelho é essa boa-notícia que proclama a liberdade dos filhos de Deus e que rejeita toda forma de servidão decorrente das injustiças praticadas pelo sistema e pelos beneficiários dessa estrutura econômica (Lucas 4,18). Cristo anunciou o Evangelho e este que assimilado em ações transforma a história na sua plenitude a ponto de sonhar na construção da nova Jerusalém celeste, ou da humanidade totalmente reconciliada com o Reino de Deus (Apocalipse 21,2). São Paulo apóstolo escreve que Cristo redimiu o homem do pecado e “pagou alto preço pelo seu resgate” (1Coríntios 6,20). Os seres humanos foram resgatados para vida com a morte e ressurreição de Cristo (Romanos 3,24). Em Cristo ressuscitado, a esperança cristã imprime um grande impulso e compromisso sociorreligioso, infundindo em cada pessoa uma confiança de construir um novo mundo, um país, uma civilização melhor para todos.

Ao cristão a finalidade imediata da economia, da política e de toda atividade humana é da construção de uma sociedade e de uma civilização que supõe realizar a vontade de Deus. Para esta construção o cristão valoriza todos os planos humanos que envolvem a economia, política, cultura, classes e povos. Para o Deus dos cristãos, o princípio de qualquer sistema socioeconômico, sociopolítica, sociocultural está no seu mérito histórico de construir condições de uma efetiva vida digna a todo gênero humano. Quando todas as forças trabalham nessa possibilidade constrói-se a civilização que vive à luz do “amor social”, contrapondo-se ao egoísmo, exclusão, exploração, violência, intolerância, discriminação, pobreza e a todo mal. Tal é a esperança cristã que a construção de mundo melhor é uma conquista da vivência do mandamento do amor, algo que exige entendimento e decisão (Mateus 22,40; João15,12).   

O capitalismo histórico, além de mostrar-se perverso em sua natureza, fez seu progresso material mediante um processo de exploração e de exclusão social de milhões de seres humanos. Deve-se, portanto, dizer que a estes seres humanos lhe é negado acesso até mesmo a um prato de comida. Isto não impede de reconhecer que o sistema capitalista contribuiu para uma vida cômoda, mas em seu plano de valores pressupõe que tudo esteja a seu serviço, do lucro e do acúmulo. Na lógica de maximização do lucro ou da ganância econômica, emergem normalmente as necessidades além-materiais, a ética, a espiritual, a ecológica. Pois, a vocação do capitalismo não é produzir “bens éticos”, mas sim “bens materiais” para a comercialização. Obviamente, que um estômago vazio não tem ouvidos, sequer para a palavra da fé, do qual o país está repleto de pessoas que oferecem força espiritual de forma manipulada e inoperante, destruindo a mensagem do Evangelho.

Mas para a construção de uma esperança social a toda nação, obviamente, para além da fé, é necessário de líderes nacionais e partidos políticos sólidos comprometidos num plano de trabalho institucional ao Estado e um projeto de desenvolvimento para todo o conjunto da sociedade. Líderes e partidos que almejam a credibilidade do povo precisam sair de seus gabinetes para conhecer as pessoas de estômagos vazios que estão à espera de uma esperança nacional. Efetivamente, a espera de uma pessoa que governe a república e que sinta-se de capaz de dar ouvidos aos milhões de estômagos vazios; de enxergar as milhões de mãos vazias por falta de trabalho; de posicionar-se sabiamente para a conquista do bem coletivo; de trabalhar para todo o povo não por interesses políticos, mas por identificar-se com sua sofrida realidade; que tenha capacidade de colocar contrapesos no rumo do Brasil para o desenvolvimento humano mais integrado ao ecossistema; e que seja preparado para colocar esperança no coração aos milhões de descrentes da política.

Essas são virtudes de um verdadeiro líder nacional reconstruindo uma sólida esperança no coração e nas mãos do povo brasileiro. Este deve estar convicto que sua primeira ação de governo será de providenciar os meios para oferecer o pão material para seu povo, pois, a carência é tamanha em nossos dias. E, em seguida que facilite o acesso ao alimento espiritual, ético, ecológico, cultural, profissional de forma indistinta a começar pelos últimos da sociedade (Marcos 6,34; João 6). A reconstrução da esperança nacional, tem nome, tem partido, tem cheiro de povo, tem compaixão no coração, tem vontade de executar um plano de desenvolvimento. Enfim, alguém, que produz alegria e o bem desejado, onde o objetivo e resultado final o povo goze de uma bem-aventurada esperança (Romanos 12,12).  

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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