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Evite distanciamento social

Miguel Debiasi

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diariamente tem dado informações e indicado medidas para erradicar a Covid-19 com respaldo da ciência e dos estudos científicos. Em contrapartida, alguns líderes das nações tem prestados um desserviço à população ao desprezarem o papel da OMS e da ciência no combate a Covid-19. Em reação alguns pandemônios que desinformam a população é preciso voltar atenção para a ciência e OMS. É essa a condição para preservar a saúde pessoal e social.   

O filósofo alemão judeu Hermann Cohen (1842-1918) escreve que a ciência não se desenvolveu como caos de percepções, nem é acumulo de sensações ou de fatos observados. A ciência não se constitui tanto pela acumulação de fatos, e sim muito mais pela unificação dos fatos por meio de e sob hipóteses, leis e teorias. Com rigorismo a ciência indaga os elementos puros, ou seja, do restrito conhecimento científico. Por outro lado, o filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804) critica a metodologia da ciência pelo seu rigorismo científico. Logicamente, que processos e métodos não são tudo para a ciência. A ciência fala precisamente pelo seu conhecimento da questão, por vez limitado e não absoluto. Porém, para a ciência enquanto houver dúvidas, haverá uma tarefa a ser cumprida.

Com a pandemia alguns chefes da nações buscam aproveitar-se da situação para suas pretensões políticas, usando de opiniões sem conhecimento do assunto, desprezando a ciência e os cientistas. Em sua pobreza cultural recorrem a discursos descabidos sem o mínimo pudor com os mortos, que no momento superam dois milhões de vítimas. Enquanto pesquisadores e cientistas alertam do estado de gravidade pelas mutações do vírus e da elevação das mortes diárias, estes chefes na contramão da ciência e da ética desprezam a realidade ridicularizando a covid-19. Seria muita ignorância de nossa parte não achar que estes chefes estão preocupados com a economia e o mercado. Fato é que não haverá economia e desenvolvimento sem antes cuidar da vida do ser humano. Sem o ser humano a economia não desenvolve. Em contrário, a economia continua em seu estado moribunda.

Para conter a pandemia da Covid-19 é preciso mais humildade destes chefes para louvar o trabalho de tantos cientistas que buscam em tão curto período a descobertas de vacinas para combater o coronavírus. Na história da humanidade nunca empenhou-se tamanho esforço mundial da OMS, cientistas e grupos multidisciplinares pesquisando e coletando informações num menor tempo possível para erradicar a Covid-19. O cientista Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 que coleta dados relativos à pandemia no Brasil – por várias vezes manifesta preocupação com o crescimento de casos e de mortos em nosso país. O Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), com elevação da média de óbitos manifesta preocupação com o não cumprimento das medidas mais elementares para conter a pandemia por parte da população.

Sabe-se historicamente que uma pandemia por vezes leva anos para ser erradicada completamente. Enquanto não houver vacinas suficientes para toda humanidade, a melhor medida e atitude é o distanciamento físico e a prática de cuidados de uso de máscaras e higienização permanente. O cientista Isaac Schrarstzhaupt alerta que “o mundo vive um aumento da síndrome e que seu prolongamento é devido ao comportamento da população e às poucas medidas de restrição de mobilidade”. No caso do Brasil o risco é de catástrofe, aumento de pessoas infectadas e de óbitos devido ao desprezo da pandemia por parte do chefe da nação. O aumento de casos deve-se ao relaxamento da quarentena, entre os vitimados são pacientes dos 20 aos 39 anos, representando 40% dos casos. Estes pacientes os grandes frequentadores de bares, festas, aglomerações.

Com a pandemia há muitas implicações sociais. O distanciamento físico não significa “distanciamento social”. O mundo vive a décadas o distanciamento social praticado pelo capitalismo que dividiu a humanidade entre ricos e pobres. Jamais os ricos se ajudaram aos empobrecidos. São dois mundos condenados a viverem num grande abismo entre ambos. Há hospitais seletos para tratar dos infectados ricos. E faltam vagas em hospitais públicos, oxigênio e remédios para cuidar dos infectados pobres. Os países ricos temendo a morte decretaram lockdown seguidamente. Nos países de terceiro mundo os chefes promovem um negacionismo total da situação. São chefes incapazes de pensar na economia, pois, ignoram a vida humana. Dar primado a vida humana é pensar numa economia sustentável que não promove o distanciamento social. Promover um negacionismo da realidade é como se vivêssemos numa ilha, estaríamos para sempre presos a um mundo que não desenvolve, totalmente inerte.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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