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945 agrotóxicos liberados em dois anos de governo

Miguel Debiasi

 

O teólogo e pastor luterano alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) ao fazer resistência ao regime nazista disse: “O meu único dever não é só o de cuidar da vítima deixada no chão por um maluco que dirige como verdadeiro louco o seu carro por uma estrada cheia, mas também fazer de tudo para impedi-lo de dirigir”. Precisamente, o teólogo buscava impedir que Hitler continuasse seu plano diabólico do nazismo. Por sua resistência o teólogo acabou sendo preso e enforcado em 9 de abril de 1945. A postura do teólogo é fidedigna de luz para toda humanidade contemporânea.

No início da Segunda Guerra Mundial Bonhoeffer entrou para Resistência e lutou bravamente contra a barbárie humana que foi a doutrina e a política nazista fundada e liderada por Adolf Hitler (1889-1945). Um dos relatos de Resistência de Bonhoeffer transcrito por um médico diz: “Através da porta entreaberta de um quarto dos barracões, vi que o pastor Bonhoeffer, antes de vestir a roupa de prisioneiro, ajoelhou-se em profunda oração para seu Senhor. A tão devota e confiante oração daquele homem extraordinariamente simpático me abalou profundamente. Também no local do suplício ele fez uma breve oração, antes de subir corajosamente a escada do patíbulo. A morte o alcançou em poucos segundos. Em minha atividade médica de quase cinquenta anos, nunca vi um homem morrer com tanta confiança em Deus”.

Ainda que a postura de fé do teólogo e pastor Bonhoeffer chegasse ao fim aos 39 anos, seu pensamento acabou por influenciar a teologia, a ética, a política e as lutas sociais do século XX. Tal foi sua influência que postumamente foram publicadas várias reflexões que o teólogo escreveu no cárcere como – Ética publicada em 1949 e a Resistência e rendição editadas em 1951. O agente militar Paym Best, do serviço secreto aliado ao nazismo, dá testemunho das últimas palavras do Bonhoeffer ao ser chamado para a forca: “chegou ao fim” e serenamente acrescentou “para mim, é o início da vida”. Bonhoeffer enfrentou tamanha crueldade humana com a firme convicção de fé de estar caminhando para Deus sem que este o liberta-se da forca.

A humanidade está bastante ciente das leis que proíbem agrotóxicos devido à nocividade que causa ao ecossistema e a todo seu conjunto de seres vivos. O malefício dos agrotóxicos é irreparável e em muitos casos o ecossistema jamais se regenera da abusiva agressão. Em dois anos de governo Bolsonaro foram liberados 945 agrotóxicos (para ver a lista acesse: htrps://pedlowski.files.wordpress.com/2021/01 ou agrotóxicos-lierados-governo-bolsonaro-2019-2020.xlsx), algo jamais presenciado em governos anteriores. Os agrotóxicos liberados são de alta periculosidade para o ser humano, meio ambiente, águas, solos. Obviamente, que o governo Bolsonaro, patrocinado pelos grandes latifundiários e empresas multinacionais, não se importa com o uso indiscriminado de agrotóxicos.

Em contrapartida, o governo Bolsonaro que liberou 945 produtos agrotóxicos faz força para impedir a importação de matéria básica da China para viabilizar a vacinação da população brasileira e assim debelar a pandemia da covid-19. Ao resistir a liberação de produtos para a vacinação, o governo Bolsonaro mostra que sua preocupação não é com a população brasileira, apenas favorecer aqueles que financiaram sua chegada ao poder. O combate a esta política nefasta depende muito da reação da população e dos partidos de esquerda que tem em suas pautas um programa de desenvolvimento sustentável a todo ecossistema.

O teólogo Bonhoefferr com sua atitude de Resistência pela fé é um verdadeiro mártir e ensina que nunca devemos considerar Deus do tipo mercadoria política: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A fé de Bonhoeffer ensina que para Deus a vida do ser humano é sua maior glória. Em uma anotação na prisão Bonhoeffer escreveu: “o verdadeiro cristão encontra Deus vivo participando dos sofrimento de Deus na vida do mundo”. E conclui: “a Igreja é verdadeiramente ela mesma unicamente quando existe para a humanidade, para tomar parte da vida social dos homens e para ajudá-los e servi-los”. Em suma, Deus e a Igreja existem para servir ao ser humano indefeso. Servir a este é missão de Deus e da Igreja. Logo, Deus jamais está acima de todos, mas junto ao sofredor, e este hoje é uma multidão, que muitas vezes é invisível, ou considerada “descartável” aos olhos de quem somente considera o ter antes do ser.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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