A sobrevivente da tragédia em Brumadinho (MG), Adriane Pereira Alves, 19 anos, conversou na manhã desta quinta-feira (07) com a reportagem da Tua Rádio São Francisco. Ela relatou que ficou presa por cerca de uma hora e meia nos rejeitos da barragem Mina do Córrego do Feijão, que rompeu no dia 25 de janeiro, antes de ser resgatada por moradores.

Segundo Adriane, ainda neste ano a Vale, empresa responsável pela barragem, fez uma reunião com moradores para afirmar que a estrutura havia sido avaliada e não apresentava risco de rompimento. “Os responsáveis falaram que não tinha perigo e a população toda acreditou”, destacou.

Até esta quarta-feira (06), a Defesa Civil de Minas Gerais, havia confirmado 150 mortes; 182 desaparecidos; 192 resgatados e 392 localizados. Além das vítimas fatais, centenas de pessoas ficaram desabrigadas, pois tiveram suas residências soterradas pela lama. “A minha casa foi completamente destruída, não sobrou uma parede em pé”, relatou Adriane que está alocada em um hotel, em Belo Horizonte.

Ela também relatou que as famílias desabrigadas não receberam, até o momento, nenhuma indenização da Vale. Conforme Adriane, o auxílio de R$100 mil anunciado pela empresa é repassado apenas às famílias que perderam algum familiar. “Foi o pior dia da minha vida. Pior coisa que aconteceu comigo. Foi muita negligência, muita irresponsabilidade. Graças à Deus eu estou com vida, mas tem muitas famílias que perderam pais, mães que perderam filhos, filhos que perderam mães. Pessoas que ainda estão desaparecidas, que não puderam nem ter um enterro digno, que as famílias não puderam nem se despedir. É muito triste”, desabafa Adriane. (Ouça a entrevista no link abaixo a foto)

As buscas em Brumadinho continuam e não há previsão para término. Os últimos corpos foram encontrados na área do vestiário e do estacionamento da mina.