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Brasil: lanterna do desenvolvimento global

Miguel Debiasi

Ninguém gosta de ficar na última posição. Todos preferem os primeiros lugares. Em mundo globalizado e de acirrada concorrência econômica entre países, não estar na primeira posição significa submeter-se ao controle da política externa mundial e hegemônica. Embora o Brasil nunca alcance o pódio do desenvolvimento econômico, nem por isso a nação deve ser submetida à total resignação, com a posição de lanterna.

Segundo o teólogo americano Harvey Cox (1929) a atual civilização é a da tecnópolis e possui seu próprio estilo. O estilo próprio da sociedade secular é o da sua autoimagem, caracterizada pelo pragmatismo e pela profanidade. Cox entende por pragmatismo a obsessão pela pergunta: vai funcionar? A profanidade significa “fora do templo”, ou ser homem é ser deste mundo. Na era da sociedade tecnópolis o que interessa ao homem é o funcionamento concreto das coisas. À vista disto, o homem tecnopolitano possui sua maneira de administrar e elaborar políticas dentro de um plano, para seu próprio mundo. O mundo pretendido pela economia globalizada é aquele que fortalece a política hegemônica mundial. Assim dizendo, o pódio é reservado aos países mais desenvolvidos.

Então, o veredicto da sociedade secular moderna é o do funcional e não do metafísico e religioso. Real é aquilo que tem importância imediata para as pessoas. Antes se acreditava firmemente nas verdades de caráter ontológico, metafísico, hoje a sociedade secular aposta no funcional e no operacional das coisas. Nada há mais benéfico para o homem do que quanto significa em números, ganhos, lucros. O mundo globalizado guia-se pelo acreditar tão somente no desenvolvimento econômico. Como tal, o sucesso do homem e da sociedade contemporânea é medido pela taxa de crescimento da economia.

Desse modo, a significação de uma nação em contexto mundial é estabelecida pelo seu desempenho econômico. Ou seja, uma nação torna-se respeitável quando os números da economia projetam crescimento substancial e superior a outros concorrentes. Decorrente da concepção pragmática e funcional do mundo, este é o veredicto crucial aos países empobrecidos. No caso do Brasil, sob o governo ilegítimo de Michel Temer, a economia dos brasileiros ficou na lanterna do crescimento global, com 1%.

Em março foi divulgado o desempenho do PIB brasileiro, que numa lista de 33 países feita com base em números da empresa de tecnologia e dados Bloomberg, o Brasil ficou em penúltimo lugar, ficando à frente apenas da Nigéria, que está há vários anos em recessão econômica. O desempenho da economia brasileira em 2017 ficou muito abaixo da média de crescimento dos países desenvolvidos e daqueles em estágio de desenvolvimento, que foi de 7,5%.

Como se não bastasse o péssimo resultado da economia do país, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgados em março pelo Ministério do Trabalho, mostram o fechamento de postos de trabalho com carteira assinada. Em 2017, 92.192 vagas de trabalho com carteira assinada foram fechadas somente no Estado do Rio de Janeiro. No final de fevereiro o IBGE divulgou números da taxa do desemprego que subiu para 12,2%, significando 23,2 milhões de pessoas desempregadas. Os números comprovam a concepção exata da política econômica de Michel Temer e Henrique Meirelles. Por conseguinte, mede-se a significação do Brasil perante o mundo pelos referidos números. Acresce ao atual governo a façanha de descobrir sua posição de lanterna do desenvolvimento global.

 

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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