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Mais de 5 mil caxienses estão na fila para a realização de cirurgias eletivas pelo SUS

Baixar Áudio por Isadora Helena Martins

A demanda reprimida de consultas com especialistas é de quase 50 mil pessoas

Foto: Divulgação / Arquivo SMS

[Você pode conferir esta matéria por áudio em "Ouvir Notícia"]

As consequências que toda a sociedade vem enfrentando por conta da pandemia de coronavírus são muitas e a maioria é visível no dia a dia. Também é conhecido que o agravamento da crise sanitária impactou de forma direta o fluxo de trabalho e o atendimento nos hospitais. Quando houve o agravamento da pandemia e o aumento no número de internações, uma das primeiras medidas adotadas pelo sistema de saúde foi a suspensão das cirurgias eletivas. Essa é uma consequência que afeta a vida de milhares de caxienses.

A auxiliar de produção, Rosemeri de Lurdes Peruzzo, de 52 anos, descobriu, no final de 2019, que estava com um cisto no ovário direito. Após meses de espera para realizar do exame, para obter a requisição e a autorização da cirurgia, ela ouviu que teria que esperar para ser submetida ao procedimento. “Quando descobri o cisto, ele já estava em 6 cm. O ginecologista encaminhou a cirurgia em abril de 2020, mas ele falou que poderia demorar por causa da pandemia. No final do ano passado, eu fui por conta fazer de novo uma ecografia e o cisto já estava mais de 7cm. Então a médica fez uma carta e mandou eu ir no Hospital Geral pra ver se eu conseguia apressar a cirurgia, porque o cisto está crescendo. Mas, lá, eles disseram que não era com eles e que eu tinha que ir no postinho do bairro. Eu fui no postinho [UBS Cruzeiro], expliquei a situação, mostrei tudo e o que eu ouvi ali foi que a minha cirurgia já estava autorizada e que eu tinha que esperar. Falaram que é porque [os hospitais] não estavam fazendo cirurgias por causa da pandemia. Mas como ele [cisto] está crescendo é perigoso. A gente também fica preocupado, mas vou fazer o quê? Me resta só esperar”, relatou à reportagem.       

Rosemeri é uma dos 5.346 caxienses que estão aguardando por uma cirurgia eletiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul. O dado é da Secretaria Municipal da Saúde.

Conforme a diretora do Departamento de Avaliação, Controle, Regulação e Auditoria (Dacra), Marguit Meneguzzi, mesmo com a suspensão dos procedimentos por conta da pandemia, em abril desde ano, comparativamente com abril do ano passado, houve uma pequena diminuição da demanda reprimida. “A gente acompanha a cada 60 dias a evolução do número de cirurgias autorizadas e não realizadas. Se a gente comparar abril de 2021 com abril de 2020, os números quase não mudam, mas houve uma pequena diminuição. Somando os hospitais em que nós temos laudos autorizados, agora em abril de 2021 nós temos 5.346 cirurgias não realizadas. Enquanto que em abril do ano passado nós tínhamos 5.722. Mas isso também se deve ao fato de que as consultas pararam, então, automaticamente, tem menos geração de laudos. Então, a gente mantém esse número de cerca de 5 mil cirurgias em demanda reprimida e isso é um número histórico”, explicou.

Marguit também afirmou que foi repassada a orientação aos hospitais para que as cirurgias sejam feitas conforme houver disponibilidade de leitos e insumos: “A gente já oficializou para os hospitais que eles retomem todas as cirurgias, de acordo com a sua capacidade instalada de leitos e disponibilidade de insumos. A gente sabe que ainda há dificuldade de aquisição de insumos, porque a medicação usada para fazer a anestesia geral é o nosso conhecido Kit Intubação e como isso está com acesso restrito no mercado, algumas coisas não estão, à pleno, funcionando”.     

A reportagem consultou os principais hospitais da cidade, que disponibilizam atendimento pelo SUS, sobre a realização das cirurgias.

O Hospital Geral afirmou que segue realizando as cirurgias de urgência, ou seja, para aqueles casos em que a vida do paciente corre risco caso o procedimento não seja realizado. Já as cirurgias eletivas, que são aquelas consideradas de menor complexidade e que não representam risco imediato para os pacientes, seguem suspensas. A instituição afirmou que aguarda um posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde para a retomada desses procedimentos.

O Hospital Pompéia também afirmou que as cirurgias urgentes e oncológicas não foram suspensas e que as cirurgias eletivas já foram retomadas com 50% do volume habitual. A instituição também está programando um aumento da realização dos procedimentos para o mês de maio.

No Hospital Virvi Ramos, estão sendo realizadas apenas cirurgias ambulatoriais eletivas com uso de gases anestésicos, sedação local ou peridural, ou seja, com técnicas de anestesia que não utilizem o Kit Intubação. Os procedimentos de maior complexidade seguem suspensos.

Além da demanda reprimida para os procedimentos cirúrgicos, Caxias do Sul tem uma longa lista de espera para consultas por especialidade: 49.056 pessoas estão no aguardo. Para a realização de exames, a demanda reprimida gira em torno e 19.343 pessoas. Segundo Marguit, o Centro Especializado em Saúde (CES) já voltou a disponibilizar os atendimentos com os médicos especialistas, porém os serviços que funcionam por meio de contratos ainda não retomaram 100% das consultas. Ela também afirmou que, para dar conta da demanda, devem ser realizados mutirões, porém, ainda sem data definida por conta da pandemia.

A orientação da Secretaria Municipal da Saúde é que os pacientes que estão nas listas de espera, tanto para consultas, quanto para exames e cirurgias, aguardem o contato da pasta que fará o agendamento de data e horário para os atendimentos.

Lista de demanda reprimida por procedimentos no SUS, em Caxias do Sul:  

Consultas por especialidade: 49.056

Espera por exames: 19.343

Cirurgias eletivas: 5.346

 

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