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"Dos seis pediatras nomeados neste ano, apenas um aceitou a nomeação", revela Secretário de Saúde de Caxias

por Daniel Lucas Rodrigues

Em entrevista, Geraldo da Rocha Freitas Junior avaliou a saúde pública no Município: falta de leitos de UTI pediátrica, de pediatras e de medicamentos, além da demora para exames, consultas e cirurgias

Foto: Adriano Chaves/Divulgação

Geraldo da Rocha Freitas Junior é o quarto secretário de saúde de Caxias do Sul desde janeiro de 2017. Assumiu em meio a uma das mais graves crises do setor, nos últimos anos. O Município registra falta de leitos de UTI pediátrica, de pediatras e de medicamentos. Mais de quatro mil pessoas esperam para realizar cirurgias eletivas. Outras 4.665 estão na fila de espera por uma tomografia.

Nessa quinta-feira (26), Geraldo Freitas completou 45 dias a frente da secretaria e, em entrevista à Tua Rádio São Francisco, apontou possíveis soluções para amenizar ou resolver os problemas da saúde na maior cidade da Serra gaúcha. (Confira, em áudio, a entrevista concedida ao jornalista Jeferson Ageitos)

Falta de médicos

Hoje, Caxias do Sul tem 365 médicos. Há necessidade de mais 16 pediatras, sendo quatro deles para o Postão 24h que registra falta de profissionais da área, aos finais de semana, desde maio. A Secretaria de Saúde aponta que 33 médicos do concurso de 2017 foram convocados ao trabalho, ainda no ano passado. Destes, 15 assumiram os postos de trabalho. “Esse ano (2018), mais 16 médicos já foram chamados, sendo seis pediatras. Dos seis, infelizmente, apenas um aceitou a nomeação”, afirma Geraldo Freitas.

Postão pediátrico

A Prefeitura afirma que pode resolver os problemas no atendimento de crianças e adolescentes com a construção de um Pronto Atendimento Pediátrico na cidade. A ideia é fazer parceria com a iniciativa privada, o que reduziria os gastos do Município com pessoal, segundo o secretário.

“Existe limite legal para o comprometimento da despesa com a folha de pagamento do funcionalismo em relação à receita. Esse limite não pode ultrapassar os 54%”, afirma. Hoje, 45,87% do orçamento do Município são usados para pagar os servidores públicos.

Segundo o secretário de saúde, o aumento da demanda por atendimento justifica a construção de uma nova unidade. Ele afirma que de 21 de junho (início do inverno) a 26 de julho, o movimento no Pronto Atendimento 24h e na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade cresceu 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

O Conselho Municipal de Saúde já se manifestou contra a construção do Postão Pediátrico.

Falta de medicamentos

A lista mais recente divulgada pela Prefeitura indica que faltam pelo menos 20 medicamentos para o coração, de combate a doenças pulmonares e de controle da pressão, em Caxias do Sul. O secretário de saúde afirma que o problema ocorreu porque a procura aumentou e porque as distribuidoras não cumpriram os prazos de entrega, devido à greve dos caminhoneiros. “90% dos problemas já estão resolvidos. Até a primeira semana de agosto deverá estar tudo normalizado”, garante.

Falta de leitos

Caxias do Sul tem 15 leitos de UTI pediátrica. Número insuficiente para atender a demanda, segundo o secretário. Do total de leitos, nove são para o Sistema Único de Saúde (SUS) e seis para os planos de saúde. A alta complexidade é responsabilidade do Estado e da União, mas o secretário garante que o Município tem pressionado o governo gaúcho e o Ministério da Saúde para garantir novas vagas de internação na cidade.

“Nós temos encontros mensais para discutir as demandas. A grande dificuldade do Estado está na arrecadação. É uma crise generalizada no país. No Ministério da Saúde, há inúmeros processos para habilitação de novos serviços, especialmente de alta complexidade. Estão engavetados porque não há recursos. O esforço (da Prefeitura) é feito no sentido de ampliar o serviço. Por outro lado, se não tem garantia de recursos da União para atendimento de alta complexidade e para aumentar os leitos hospitalares, seria inviável (abrir novos leitos) porque não se terá recursos para o custeio, para a manutenção”, afirma.

A 5ª Coordenadoria Regional de Saúde aponta que seriam necessários de 15 a 20 leitos de internações clínicas e cirúrgicas e de UTI a mais para suprir a demanda atual.

Demora para exames, consultas e cirurgias

Não é de hoje que pacientes madrugam em frente às unidades básicas de saúde de Caxias para conseguir consultas. E, segundo o secretário de saúde, a demanda ficou ainda maior nos últimos três anos, quando cerca de 100 mil pessoas abandonaram os planos privados e migraram para a rede pública.

De acordo com dados da Prefeitura, 4.451 pessoas esperam para realizar cirurgias eletivas (consideradas não urgentes) na cidade e a notícia não é boa para esses pacientes. “Agora, no momento, é inviável fazer as cirurgias eletivas. Já neste sábado, a equipe da secretaria estará fazendo contato com esses pacientes para atualizar essa fila. Mas não basta só a consulta. Toda consulta pode gerar exames. Então, não adianta tirar o paciente da fila da consulta e ele passa para outra fila. Nosso pensamento é estabelecer, no atendimento, o encaminhamento imediato para os exames. Assim a gente vai resolvendo os problemas da fila”, aponta.

A espera por exames também é preocupante. Atualmente, 4.665 pacientes estão na fila de espera por uma tomografia (são os dados mais recentes, do mês de maio) e mais de 36 mil pessoas esperam consulta com especialista.

Central de Conteúdo Unidade Tua Rádio São Francisco

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