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Subsídios exegéticos: Domingo Todos os Santos

por João Carlos Romanini

Liturgia dominical - ano A - 01 de novembro de 2020

Foto: Divulgação

Domingo: Todos os Santos

Dia: 01 de novembro de 2020

Primeira Leitura: Ap. 7,2-4.9-14

Salmo: Sl 23, 1-4b. 5-6 (R. 6)

Segunda Leitura: 1Jo 3,1-3

Evangelho: Mt 5,1-12a

 

O Evangelho

O evangelho deste domingo encontra-se nos capítulos 5-7 do evangelho de Mateus formam o famoso “sermão da montanha. Mateus apresenta Jesus como o “novo Moisés” que dá a “nova Torah”.

As bem-aventuranças seguem sempre o mesmo esquema fixo: “bem-aventurados...porque”. Em cada um dos casos, o importante é o “porque”: os que têm fome (de justiça) são felizes, não porque têm fome (de justiça), mas “porque serão saciados”.

Os pobres em espírito...deles é o Reino dos Céus. A frase “pobres em espírito” provocou muita discussão e mal-entendidos. Com certeza não significa “gente ignorante”, também não significa “gente rica que é desapegada dos bens materiais”. Talvez seja mais bem compreendido se invertermos as palavras “bem-aventurado quem tem espírito de pobreza”, isto é, quem age com humildade. “Deles é o Reino”: porque têm disponibilidade para acolher a nova dinâmica proposta por Jesus.

Os que choram...serão consolados. Os que choram são os aflitos, sem ninguém que os defenda. Desses, o próprio Javé se faz resgatador. Por isso, eles serão consolados.

Os mansos...herdarão a terra. Ser manso não significa ser indiferente, e sim, ter autodomínio, conservar-se calmo, tranquilo e confiante na ação salvadora de Deus. A terra é a terra prometida: “herdar a terra” é ter a plena posse das promessas de Javé.

Os que têm fome e sede de justiça...serão saciados. Lembremo-nos que “fazer justiça” para Deus é dar ao ser humano o que ele necessita para viver e ter sentido na sua vida. “Ter fome e sede” dessa justiça não significa ficar só no desejo, mas não se contentar enquanto ela não se realiza, isto é, empenhar-se de modo concreto para que ela aconteça. A perseverança nesse compromisso efetivo será recompensada, isto é, essa fome-sede será saciada.

Os misericordiosos...serão tratados com misericórdia. “Misericórdia” não é só a sensibilidade no coração que nos leva a ter dó do sofrimento de alguém. Em hebraico, o termo correspondente é rahamîm, que vem de rehem, “ventre, útero”; daí que rahamîm é o sentimento que liga a mãe ao filho, é o sentimento de matriz, capaz de gerar ou ‘regerar’ alguém para uma vida nova, por meio do perdão e da solidariedade.

Os que fazem a paz...serão chamados filhos de Deus. A melhor tradução é: “aqueles que fazem a paz”. Acontece que a paz está ligada à justiça; com efeito, esta é uma das promessas messiânicas: “justiça e paz se abraçarão”. Portanto, “fazer a paz” significa não só promover a harmonia e a união entre quem se desentendeu, mas também, e principalmente, dar condições para quem está sofrendo a recomeçar a vida. Eles serão chamados “filhos de Deus”, porque é assim que Deus age: o Pai será reconhecido pela ação de seus filhos.

Os perseguidos por causa da justiça...deles é o Reino dos Céus. A “justiça” de Deus é sinal de seu Reino. Quem faz opção por esse Reino deve saber que há também quem não está interessado que ele venha. Ser “perseguido por causa da justiça” significa enfrentar a oposição de quem é contra o Reino de Deus. Quando o Reino chegar, quem optou por ele e por ele lutou, este entrará na posse de todos os dons que o Reino traz; quem trabalhou contra será excluído.

Em resumo, as bem-aventuranças descrevem vários aspectos do compromisso com a concretização do Reino de Deus. O importante, porém, é que as bem-aventuranças não são uma lei a ser cumprida na marra, e sim uma proposta, um objetivo que se deve buscar a cada dia, diante de cada nova situação.

Desde já os cristãos são santos, isto é, destinados à vitória contra as forças contrárias ao Reino. Quando Deus visitar o mundo e trouxer a salvação, será manifestada a verdadeira identidade de seus fiéis-filhos, que serão semelhantes a Deus e receberão todos os dons prometidos: a posse do Reino, a consolação, a saciedade de paz e justiça, a vida nova, a intimidade com Deus; em uma palavra, a vida eterna.

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da ESTEF

Dr. Bruno Glaab – Me. Carlos Rodrigo Dutra – Dr. Humberto Maiztegui – Me. Rita de Cácia Ló

Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

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