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Solidariedade versus indiferença

Miguel Debiasi

A ascendente migração de refugiados para a Europa impõe um novo paradigma às autoridades internacionais, o da solidariedade. Os migrantes são pessoas pobres, excluídas, famintas e, sobretudo, seres humanos com direito à vida. Hoje, presencia-se uma situação histórica sem precedentes que clama por um gesto de acolhida.

O número de migrantes de 2015 triplicou em comparação ao de 2014. No primeiro trimestre de 2015 é de aproximadamente sessenta mil migrantes. Além da situação desumana das migrações devido às condições precárias das embarcações — muitas não chegam à Europa — há pouca vontade política para a acolhida. As autoridades políticas precisam entender o sofrimento dos migrantes forçados a trocarem de país, abandonarem casa, família, parentes, ainda serem discriminados pela cor da pele e por suas nacionalidades de afegãos, iraquianos, sírios, senegaleses, haitianos, etc.

Também é compreensível a postura das autoridades e dos governos europeus que têm o papel de proteger sua nação e de garantir condições de bem-estar de seu povo. De todo modo, é preciso ressaltar que a migração internacional sempre fez parte do processo da civilização. No caso, ninguém migra porque gosta, mas porque se vê forçado e obrigado, sobretudo pela situação econômica de pobreza, miséria, guerras civis, abandono humano e falta de perspectivas de esperança futura.

Conforme relatório de desenvolvimento humano de 2009, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), “aproximadamente 195 milhões de pessoas moram fora de seus países de origem, o equivalente a 3% da população mundial, sendo que cerca de 60% desses imigrantes residem em países ricos e industrializados”. Hoje se estima, em decorrência da estagnação econômica dos países desenvolvidos, que 70% das migrações ocorram entre países em desenvolvimento. Assim, a vertente das atuais migrações visa a trabalho, emprego, melhores perspectivas de vida e direito à vida e à liberdade.

Por conseguinte, importa repisar que o primeiro passo, imprescindível para melhores condições de vida dos migrantes, é a solidariedade humana internacional. Forte apelo em favor deste gesto capta-se de todo o mundo. Um apelo vem da maior personalidade internacional, o papa Francisco. Vendo as mortes de muitos migrantes, faz um chamado à humanidade para “ter sensibilidade e não permanecer indiferente diante de tantas injustiças humanas”. Sem sombra de dúvida, outro fortíssimo apelo vem da própria imagem do corpo de Aylan Kurdi, de três anos idade, morto e resgatado no litoral da Turquia. Desviar o olhar daquela cena é no mínimo indiferença, um grave ato e desumana postura.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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