Não entre na incompletude deles, dizia uma voz em meu íntimo. É hora de fazer as pazes com essa parte da sua vida, do seu passado, a que ficou em aberta, de certa maneira rachada, mal compreendida, incoerente... É hora de olhar, para as pessoas que não te compreenderam no momento difícil que você viveu, mais amorosamente.  Afinal, elas também fizeram o seu melhor. Talvez elas também, assim como você, se fosse hoje agiriam diferente.

Doeu sim, em outra vida me parecia agora, ou em partes de outra etapa dessa vida... Aquela parcela que ficou uma brecha a se esconder no meu vazio, ou melhor, no vazio que restou e que agora precisava ser compreendido, acomodado, reintegrado.

Não tem nada haver contigo, o jeito que chega em mim. Mas é comigo, como esse abandono chegou até mim, foi alimentado pelas minhas dores e a porção de vida que me arrancou. É só seu jeito de sentir, sua forma de entender e o seu ressignificar, ou o não conseguir deste.

Por que você quer tanto ser aceito quando já foi rejeitado? Esse questionamento invadia meu ser e me fazia mergulhar nos abandonos meus, do outro e de todos que por trás deles clamam por colo, pela luz que brilha por vezes ainda oculta dentro do seu ser.

Vislumbres de um tempo que não chegou... sentada na calçada com o entendimento, divagava entre recordações e realidades.

.