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Juventude: futuro do país?

Miguel Debiasi

“Os jovens são a esperança do país”; “os jovens são o futuro do país”. A respeito dos jovens muitas frases são pronunciadas por autoridades, educadores, personalidades civis, etc. Estes acreditam que a juventude irá trabalhar e conduzir o país para um melhor futuro. Na prática, isto não é verídico. Segundo levantamento feito por [email protected], 62% dos jovens querem deixar o país. O desânimo da juventude tem suas razões.

O Brasil das mil maravilhas tornou-se um país rejeitado pela juventude. As belezas naturais são insuficientes para o projeto da juventude. O discurso do amanhã usufruir tornou-se insosso aos ouvidos dos jovens. A promessa do amanhã não passa de engodo. Obviamente, o desencanto da juventude pelo próprio país foi provocado. Concretamente, pelo governo brasileiro que nestes últimos dois anos e meio reduziu as possibilidades da juventude sonhar que o amanhã poderia ser melhor e realizar seus projetos. Isto é o que comprova o mencionado levantamento.

Atualmente, o Brasil representa para a juventude uma situação desesperadora. A pesquisa mostra as razões comprobatórias do seu desalento com o país. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, o desemprego praticamente dobrou nos últimos dois anos, passando de 15,8% a 28,1%. Outro número estarrecedor a respeito da juventude entre a faixa etária de 19 a 25 anos: somente no ano de 2017 mais de 470 mil alunos abandonaram a faculdade ou curso de graduação. Não obstante, houve arrocho e corte generalizado para a educação no país no ensino fundamental e médio.

Conta um provérbio chinês que um jovem morava em alta montanha e um dia dirigia-se ao norte para guerrear pelo seu povo. Enquanto dirigia-se ao campo de combate passou por um velho sábio que lhe perguntou: “para onde vai meu jovem”? O jovem guerreiro respondeu: “vou para a batalha no norte e vencer por meu povo”. O sábio olhou para ele e lhe perguntou: “como sabes que vai vencer”? O jovem retrucou: “porque sou jovem, forte, rápido, saudável e me preparei durante muitos anos para esta batalha”. Em resposta o velho sábio lhe disse: “você não vencerá”. Retrucou o jovem: “como você sabe”? O velho sábio docemente lhe disse: “você saberá”.

No diálogo entre o jovem guerreiro que se preparou durante muitos anos para a batalha e o velho sábio, o provérbio fica em aberto quanto ao final. Justamente para que o leitor faça suas interpretações. Quanto a uma interpretação, geralmente atribui-se ao mais velho a sabedoria, e ao jovem a força. Neste caso, alguns podem interpretar que o jovem escolhe a direção errada para caminhar para a batalha pensando na honra, nas medalhas, no reconhecimento, fruto da força. Isto em analogia à realidade do Brasil que os jovens deixam para guerrear em outras nações no ímpeto de futuro mais promissor para sua vida. Porém, nem sempre poderá haver o sucesso que esperam no norte europeu, ou nos Estados Unidos. Atualmente, a Europa e outros países protegem seus próprios compatriotas devido à crise do sistema capitalista.

O desejo dos jovens em deixar o país também é confirmado pela pesquisa CUT/VOX Populi, divulgada em julho: para 69% dos brasileiros, a vida está sendo pior após o golpe parlamentar de 2016. Além disto, o aumento da fome e da miséria passou de 73% para 83% entre maio e julho deste ano. Diante deste cenário os jovens se perguntam qual futuro os espera. Lamentavelmente, no momento a solução é abandonar a pátria e buscar em outros países o que não se encontra no Brasil: emprego, oportunidades, esperança de promissor futuro.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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