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Difícil é vender

Miguel Debiasi

Desde 2008 o sistema capitalista enfrenta uma das piores crises de sua história. A economia globalizada tornou a crise mundial. Atualmente não estamos vivendo uma nova crise, mas o prolongamento da mesma. E o sistema financeiro o que propõe para sair da situação? Vender é a resposta. Produzir é fácil. Difícil é vender. Todos querem vender. Mas, ninguém compra. Eis o problema crucial do sistema econômico no início do século XXI.

Esta crise foi deflagrada com a falência das hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos, com a quebra do banco Lehman Brothers. O sistema entrou em crise basicamente quando as instituições financeiras emprestaram dinheiro para quem não podia pagar. Na época a situação obrigou a intervenção governamental e houve transferência de dinheiro público para os bancos e grupos privados a fim de evitar o colapso do sistema financeiro e a recessão econômica. Por um lado o governo aumentou os gastos públicos ao injetar recursos em bancos e empresas privadas; por outro, a economia mundial não respondeu com crescimento. Hoje, é notório o encolhimento e a redução das taxas de crescimento econômico. Se não bastasse transferir recursos públicos para o setor privado, o resultado foi catastrófico devido ao aumento do déficit público que já era bem elevado. Por conta da quebra do sistema financeiro, todos os países aumentaram seu déficit público. Entre eles a Grécia, os países da zona do euro, da América Latina e outros tidos como emergentes.

Na realidade, diante da crise econômica mundial há todo um esforço para vender. Isto significa exportar mais e, por conseguinte, importar menos. Comprar se possível nada ou o mínimo necessário. Em regime de recessão do mercado global é preciso oferecer algo que corresponda ao desejo do sistema: consumir. A recessão mundial gera uma constante tensão e pressão por observância aos acordos e contratos bilaterais. Prova desta tensão é o mercado que vive em constante nervosismo, num verdadeiro sobe e desce.

A desigual concorrência econômica entre os países está um caos total, não é simplesmente resultado de maus contratos, mas de um comportamento subserviente ao jogo do mercado em recessão. No jogo da economia globalizada não tem a palavra justos acordos bilaterais ou iguais taxas, apenas ganhos. Isto constitui uma situação que faz pensar que a superação da crise não será para todos os países, mas sim para os mais desenvolvidos. Em suma, o deterioramento do quadro econômico mundial prolonga-se amargamente para os países pobres enquanto os poderosos entusiasmam-se em fazer destes as novas colônias da economia global.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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