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Cresce a Mortalidade Infantil e Materna

Miguel Debiasi

Um dos problemas que o Brasil parecia ter controlado, o crescimento da Taxa de Mortalidade Infantil e Materna, após 13 anos volta com impiedosa voracidade. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) a causa do crescimento é a falta de uma política pública eficiente. Para a UNICEF a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é considerada um indicador para mensurar a saúde pública e para avaliar as mudanças sociais e econômicas de um país. A UNICEF compreende por saúde pública ou coletiva o estudo e o combate dos fatores determinantes e causadores de produção de doenças e de epidemias sociais. Na realidade, quanto ao estudo e à prática de combate das causas de doenças, considera a participação de três ciências: Epidemiologia; Ciências Sociais e Humanas, Políticas, e Planejamento e Gestão de Saúde. Os três saberes devem atuar por uma gestão articulada na abordagem das doenças e na vigilância das condições de saúde em determinado espaço geográfico e social.

A Taxa de Mortalidade Infantil está diretamente relacionada às condições sociais, econômicas e culturais dos indivíduos e da comunidade, diz a UNICEF. Obviamente, para a investigação dos fatores da Mortalidade Infantil são exigidos estudos dos contextos do ser humano e dos fatores que produzem saúde, doenças e mortes. Somente com base nesta investigação buscam-se medidas e formas de superação dos fatores causadores, que segundo o estudo da UNICEF geralmente são associados às desigualdades sociais. Neste quesito, o Brasil é considerado um país em que mais cresce a desigualdade social.

O estudo da UNICEF aponta ainda para uma queda expressiva da Taxa de Mortalidade Infantil no mundo, de 12 milhões de óbitos em crianças menores de cinco anos em 1990 para 6,9 milhões em 2011. Embora tenha diminuído o número de óbitos, em países pobres a Taxa de Mortalidade Infantil continua sendo um dos grandes problemas da humanidade. Em contrapartida, no Brasil, após treze anos consecutivos de queda acentuada, a Taxa de Mortalidade Infantil voltou a crescer, conforme dados do Ministério da Saúde. O salto na mortalidade infantil foi de 11% para crianças entre um mês a quatro anos de idade. No mais, o próprio Ministério da Saúde admite que em 2017 os números sejam ainda piores.

Por sua vez, o crescimento da Taxa de Mortalidade Infantil tem razão de retornar, a qual tem preocupado os especialistas e profissionais da área da saúde. Em carta pública os agentes da área de saúde são unânimes em apontar a causa do crescimento: “a morte das crianças é consequência direta do corte de programas sociais decorrentes do golpe de Estado de 2015/2016”. Os mesmos advertem que “além do crescimento da mortalidade infantil também houve aumento da mortalidade materna”. Segundo dados apresentados pelos especialistas da área da saúde “a Mortalidade Materna passou a figurar no conjunto do fosso estatístico do país”.

Os especialistas também denunciam que o governo não cumpriu compromisso internacional para a redução de 75% das mortes maternas. “O Brasil conseguiu ser ainda pior, bem pior: registrou aumento dessa ocorrência em 2016”. Por morte materna compreende-se qualquer óbito que acontece durante a gestação, parto ou até 42 dias após o parto. Ou seja, a mortalidade materna é decorrente da gravidez e está relacionada principalmente à hipertensão, hemorragia, infecções, abortos provocados, pobreza. Com efeito, segundo especialistas da área da saúde, 92% destas mortes poderiam ser evitadas mediante acompanhamento e atendimento público às mães gestantes. Infelizmente, denunciam que devidos aos cortes orçamentários na área da saúde o problema tende a agravar-se nos próximos anos.

Sobre o autor

Miguel Debiasi

Frade da Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Mestre em Filosofia (Universidade do Vale dos Sinos – São Leopoldo/RS). Mestre em Teologia (Pontifícia Universidade Católica do RS - PUC/RS). Doutor em Teologia (Faculdades EST – São Leopoldo/RS).

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